Diferentemente de Pelotas, onde o panorama eleitoral parece estar mais claro e concentrado em algumas candidaturas, em Rio Grande o cenário para as eleições municipais é mais pulverizado. Os principais nomes são do atual prefeito, Fábio Branco (MDB), e o de Halley Lino de Souza (PT), que atualmente é suplente de deputado estadual.
Branco defende candidatura
O principal empecilho para a candidatura à reeleição de Fábio Branco é a condenação por improbidade administrativa. No ano passado, o prefeito foi condenado por nomear o atual vereador Júlio César Pereira (MDB) para um cargo na Procuradoria-Geral do Município (PGM) sem que ele cumprisse as funções do cargo e com ele trabalhando como advogado particular em processos que envolviam a prefeitura. Júlio César também foi condenado e ambos estão inelegíveis por oito anos. No mês passado, o Tribunal de Justiça do RS rejeitou um recurso apresentado pelos políticos.
Fábio Branco sustenta que será candidato e que está alinhando com aliados para fortalecer o grupo político. “Não tem plano B e eu sou candidato. A circunstância me autoriza a poder concorrer, estou apto a concorrer e vou concorrer”, afirma o prefeito, dizendo que não considera que haja nenhum risco à sua candidatura. A convenção do MDB será no dia 4 de agosto.
Halley à frente da oposição
Já no PT, o suplente de deputado estadual Halley Lino de Souza é a aposta para unificar uma chapa de oposição ao atual governo. Aliado do deputado federal e ex-prefeito Alexandre Lindenmeyer, Halley classifica o atual governo como ‘o pior da história de Rio Grande’ e critica a atuação da gestão durante a enchente de maio. “O governo não atuou, não fossem as iniciativas do próprio povo, da sociedade civil, talvez teríamos tido uma tragédia maior. Fora o colapso na saúde e na educação. Este cenário tem fomentado uma grande mobilização”, avalia o pré-candidato.
Segundo Halley, já há acordos com PSB, PSD e Avante, além de diálogos com o Solidariedade e o PDT. Para vice, a tendência é de que seja Renatinho Gomes, do PSB, que já foi vice-prefeito no segundo mandato de Alexandre Lindenmeyer (PT), entre 2017 e 2020. Sobre a possível inelegibilidade de Fábio Branco, o adversário diz que “se ele vai concorrer, esse problema não é nosso. Entendo até que seria importante que ele pudesse estar na urna para que o povo fizesse o julgamento”.
Alternativas
Também estão na disputa Julio Lamim (UB), Renato Lima (Novo), Daniel Borges (PL), Cláudio Esperon (DC) e Rafael Missiunas (PDT). Lamim, que é vereador, diz que sua candidatura depende de uma unificação do campo de centro-direita. “Como a gente tem uma candidatura muito bem posta da esquerda, a gente imagina que caso o campo da centro-direita se divida, como já aconteceu na campanha de 2016, facilita muito para o outro lado, e como não tem segundo turno a esquerda acaba ganhando”, diz.
“Se não for o meu nome, não vai ser por ego que a gente vai entregar a cidade para o PT, o que a gente considera que não é o melhor caminho”, afirma Lamim, que considera inviável uma candidatura do União Brasil e uma candidatura do MDB. “Se a gente não chegar a um acordo e isso (duas candidaturas) vier a acontecer, nem precisa ter eleição, já dá para o PT direto”.
Não basta ser, tem que parecer
Marciano Perondi, pré-candidato a prefeito de Pelotas pelo PL, tem razão ao criticar a politização do acidente de trânsito em que ele se envolveu, que acabou levando o ciclista Jairo Camargo à morte. Até que se prove o contrário, trata-se de uma fatalidade à qual, infelizmente, todos estão sujeitos. No entanto, cabe lembrar o provérbio: “à mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta”. De pessoas que buscam ocupar cargos públicos espera-se, a todo o momento, uma conduta exemplar.
Num país calejado por falsas promessas de políticos, nossa sociedade espera de lideranças que guiem pelo exemplo, não só na sua vida profissional ou empresarial, mas também para tomar atitudes adequadas em momentos de crise. Marciano errou ao deixar o local antes da chegada da Polícia Rodoviária Federal, talvez por falta de orientação clara de quem primeiro atendeu o acidente. O que se espera, agora, é maturidade de todos os entes políticos, tanto de Perondi, quando for criticado, quanto de adversários, que devem ter sensibilidade e não jogar o jogo sujo de usar uma fatalidade como discurso eleitoral.
A hora da decisão do PP
A convenção do PP que irá sacramentar a posição do partido nas eleições municipais de Pelotas já está marcada: será na próxima segunda-feira, dia 22, a partir das 18h, no CTG União Gaúcha. Na ocasião, vão ser discutidas as possibilidades de coligação e a escolha dos candidatos a vereador.
Na mesa, três possibilidades: integrar a coligação do PSDB, que tem a pré-candidatura de Fernando Estima, com a indicação de nomes para vice-prefeito; uma candidatura própria com o ex-prefeito Adolfo Fetter Jr. ou uma candidatura própria com o vereador Rafael Amaral.
Hoje, a possibilidade mais forte é pela primeira opção. Tanto que o PP já sinalizou que irá entrar no governo da prefeita Paula Mascarenhas (PSDB). Segundo o presidente do PP, Paulo Gastal, a sigla irá indicar Marcelo Aldado para chefiar a Secretaria de Educação.