Publicado em 1998, o livro 100 imagens da Arquitetura Pelotense, de Rosa Maria Moura e Andrey Schlee, referência no tema, foi revisitado por um grupo de estudantes e docentes em um projeto de Extensão que celebra os 50 anos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A proposta foi fotografar os prédios destacados na obra e analisar o estado das edificações. Os resultados dessa mobilização serão apresentados hoje, às 14h, no auditório da Faurb, rua Benjamin Constant 1.359, com a presença do arquiteto Andrey Schlee, diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O evento é aberto ao público.
“É um livro de consulta para quem estuda arquitetura, porque ele traz os principais exemplares da arquitetura pelotense”, comenta o professor Eduardo Grala da Cunha, diretor da Faurb. A obra é também base para pesquisa de profissionais de outras áreas, como arqueologia, historiadores e museólogos.
Apesar da sua importância, os acadêmicos notaram que, 25 anos depois da publicação, algumas das obras destacadas no livro apresentavam descaracterizações, o que motivou o projeto fotográfico.
Preservados
Participaram desta investigação estudantes e professores do curso de Arquitetura da UFPel, que, além das imagens, filmaram o entorno dos edifícios, por exemplo, entre outras ações. “Com a presença do Andrey vamos apresentar essa produção”, explica o diretor.
Um dos questionamentos levantados pelo projeto abordava o estado de conservação dos prédios. Segundo Eduardo Rocha, a maioria dos edifícios que compõem as 100 imagens estão preservados. “Achávamos que iríamos encontrar muita descaracterização, mas não. Sim, alguns foram demolidos e outros com algumas modificações, mas é um número bem reduzido”, conta. O projeto ainda contou com alunos e professores da Arquitetura da Universidade Católica de Pelotas.
Pesquisas unidas
“Foi ótimo esse projeto de Extensão, porque mostra que o livro se mantém atual e ainda tem uma importância, o que é uma felicidade”, fala o autor. O arquiteto relembra que foi aluno da professora doutora Rosa Maria Rolim de Moura, falecida em 2012, porém a ideia da obra surgiu quando ele era professor da Universidade Federal de Santa Maria, na década de 1990.
Na época ele organizou um encontro dos professores de arquitetura. “E no final decidiram que os professores presentes fariam um esforço para estudarem a arquitetura de suas cidades”, conta.
No segundo encontro, em Pelotas, a professora Rosa o convidou para fazer um guia da arquitetura pelotense. Schlee tinha acabado de defender o mestrado sobre arquitetura eclética pelotense, do final do século 19 até a década de 1940.
Paralelamente a professora Rosa finaliza o seu mestrado sob o tema do art déco, de 1930 a 1960. Era só unir os conhecimentos recentes. “Nós temos as informações do livro, vamos organizar através de fichas, a dificuldade vai ser definir as 100 imagens”, relembra Schlee as palavras da arquiteta.
A obra, com 238 páginas, foi publicada através da Lei de Incentivo do Estado, com patrocínio da CEEE. A maioria das imagens do livro original é do fotógrafo Neco Tavares, a capa é do fotógrafo Nauro Júnior. Em 2002 ganhou uma segunda edição, porém ambas estão esgotadas. Ele é de fato pioneiro por ser o primeiro livro que trata da arquitetura pelotense.