“A gente varia muito o repertório”
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“A gente varia muito o repertório”

Júlio César Silveira e Anderson Garcia tocam todos os sábados na feira livre do Parque Dom Antônio Zattera

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Atualizado segunda-feira,
16 de Dezembro de 2024 às 12:18

“A gente varia muito o repertório”
Anderson fica no pandeiro, e Júlio César no cavaquinho. (Foto: Gustavo Pereira)

Quem passa pela feira do Parque Dom Antônio Zattera durante as manhãs de sábado presencia, exceto em dias de chuva, uma dupla que dá mais vida ao ambiente de vai e vem em frente às bancas. Os pelotenses Anderson Garcia, 37 anos, e Júlio César Silveira, 60, tocam os mais diversos sucessos da música nacional, como Brasileirinho, choro composto em 1947 por Waldir Azevedo.

Anderson fica no pandeiro, e Júlio César no cavaquinho. Eles também se apresentam em outros espaços públicos da cidade, mas lamentam a pouca atenção de boa parcela das pessoas que transitam. Consequentemente, consideram baixa a contribuição financeira deixada no tradicional recipiente usado para depósito de moedas e cédulas.

Onde vocês tocam e com que frequência?

(Júlio César) Aqui [na feira de sábado, pela rua Doutor Amarante]; do lado do Café Aquários e na feira, às quintas-feiras, do lado da Cohabpel, na Barão de Azevedo Machado. Nós chegamos aqui por volta de 8h45min, 9h, 9h15min. Começa o movimento, a gente já está aqui.

Como definem o repertório de cada dia?

(Anderson) A gente varia muito o repertório e, conforme a gente vai se acertando na música, a gente continua tocando.

De que forma nasceu a parceria?

(Júlio César) Eu convidei ele. Comprei um pandeiro, fiz uma aposta nele, e estamos juntos até hoje. O pandeiro é mais um atrativo. (Anderson) A gente queria botar mais gente para cantar ou fazer alguma coisa diferente, mas não temos condições no momento.

Como tem sido o engajamento das pessoas com a arte de vocês?

(Júlio César) A maior parte passa por nós e nem dá bola. Não sei se eu vou ganhar o que gastei no ônibus para vir aqui. É muito pouco reconhecimento. Pretendo implantar o pix agora, futuramente. Vamos ver. Abrir uma conta e ficar para nós dois. As pessoas passam e nem olham para a cara da gente, é preconceito. Se nós estamos lá em Copacabana, Deus me livre. O carioca é povo aberto, por isso eu gostaria de ir embora para lá. A gente não tem apoio nenhum, o apoio que a gente recebe é do povo que vem. O cara se sente desestimulado.

Falta valorização?

(Anderson) Artista de rua não é valorizado em Pelotas. A gente não tem visto muito pessoal [outros artistas de rua] por aqui. (Júlio César) Nós não ficamos pedindo. A gente não pede. Se a quarta parte das pessoas que passa aqui pusesse 25 centavos… Tu não compra um cigarro com 25 centavos, e olha que eu não fumo. A gente é educado, trata todo mundo com educação. O que machuca a gente é o descaso. A pessoa passa, olha, como se fosse a coisa mais comum do mundo.

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