Surgida no ano de 1999, a Cavalgada do Batom teve origem a partir de um grupo de 12 mães e filhas canguçuenses que nutriam a intenção de realizar alguma manifestação cultural gaúcha semelhante ao que os maridos tradicionalmente faziam.
De uma reunião inicial, a ideia ganhou força e se tornou realidade ainda no último suspiro dos anos 90, se tornando em seguida uma atividade reconhecida pela comunidade.
Atualmente, o grupo completa 25 anos de preservação dos costumes gaúchos entre as mulheres, e efetua sua jornada neste feriadão. “Nós queríamos fazer alguma coisa que pudéssemos levar nossas filhas e ensinar o gosto pela tradição”, diz a presidente do grupo, Rita Foster, de 57 anos.
Como precisavam de apoio, a turma contou com o acompanhamento dos maridos e filhos homens, que ajudaram em relação às refeições e transporte de estrutura para as pernoites. O trajeto da primeira cavalgada foi curto, entre as residências de duas integrantes, mas expressivo o bastante para virar uma prática anual.
Em 2000, a segunda edição já contou com uma rota mais ampla, que foi cumprida pelo grupo uniformizado e identificado. Estava estabelecida a tradição. A Cavalgada do Batom já chegou a ter mais de 90 participantes, entre cavaleiras e apoio.
Devido à migração de muitos integrantes para outras cidades, o grupo ficou reduzido. Mesmo assim, as “tias”, como são chamadas as fundadoras do movimento, permanecem desde suas raízes.
Propósitos
De acordo com Rita, a cavalgada vai além da tradição gaúcha. “A gente preserva muito a questão da amizade, do cuidado. Temos todas as meninas como se fossem nossas filhas. Participamos do crescimento e da formação pessoal de cada uma. Muitas delas, na sua maioria, já são formadas, trabalham em várias áreas. E a gente, com alegria, conseguiu participar disso tudo”, explica a presidente.
Jandira Valente e Carla Bento, 68 e 63 anos, respectivamente, fazem parte da turma desde sua fundação. Para elas, a jornada à cavalo é uma experiência que une o amor pela família e pelo tradicionalismo.
“Há uma valorização da nossa cultura, no vestuário, na musicalidade, na alimentação […] em uma parceria entre homens e mulheres”, define Jandira. “O importante é que não perdemos o encanto da mulher, que vem com a gente, de unir a família, porque os pais e filhos homens se envolvem junto conosco”, completa Carla.
Participação da juventude
A filha de Rita, Iara Foster, tem a mesma idade da cavalgada. Com apenas um mês, ela acompanhou sua primeira edição. Não teve jeito, em pouco tempo Iara já participava ativamente do evento.
“Passei toda a minha vida com essas mulheres. Para mim, significa muito da força feminina. Apesar de termos o apoio de homens, fazemos coisas que as mulheres não fazem no dia a dia. É um teste no sentido físico, mas um encontro maravilhoso e um descanso para a cabeça”, descreve a cavaleira.