Há dois anos a direção do Clube Cultural Fica Ahí Pra Ir Dizendo luta não ter que entregar o prédio para saldar uma dívida de R$ 300 mil, que corre na justiça. “A situação se agravou, porque o oficial de justiça já está com uma ordem para penhora do Clube. Agora estamos recorrendo para reverter”, fala a atual presidente da entidade, Teresa Joaquina Gomes Costa.
De acordo com a presidente, a dívida foi contraída a partir de negociações irregulares feitas pela gestão anterior e que estavam em aberto desde antes da pandemia, período em que o Clube ficou fechado e sem renda. Porém, o credor foi à Justiça e obteve o ganho da causa e como não há esse valor em caixa, o prédio da entidade corre o risco de ser leiloado.
“Estamos apavorados porque os advogados estavam negociando. Os nossos advogados estão tentando reverter a situação fazendo um acordo”, conta Teresa. Segundo a presidente, em princípio o acordo havia sido aceito.
“Nesse acordo a gente trabalharia para dar R$ 50 mil de entrada”, diz. O restante deveria ser pago em parcelas de R$2 mil. Porém, Teresa diz que o Clube não tem essa renda mensal. Mas a última notícia que teve foi de que o credor exigiu uma entrada de R$100 mil, o que dificulta ainda mais para a diretoria. “Pensamos em ir atrás com as autoridades que se comprometeram em nos ajudar e levantar um empréstimo no banco para ver se conseguia chegar nesse valor de R$50 mil, mas agora ficou muito complicado”, diz.
Nova tentativa
Por enquanto a presidente aguarda o resultado da nova tentativa de acordo. “Se eles não conseguirem, não sei para que lado nós vamos correr”, lamenta. Atualmente o Clube tem 35 sócios, que pagam uma mensalidade de R$ 25,00, que cobre despesas de água e luz. Apesar do drama, a diretoria tem tentando manter o Clube ativo, com aluguel do salão e atividades, como as aulas de capoeira.
Segundo Teresa presidentes da Associação dos Clubes Sociais Negros do Rio Grande do Sul estão sendo acionados para ver como eles poderão contribuir. “Já teve outros clubes que estavam nessa situação e conseguiram reverter. Estamos orando para que a coisa aconteça”, diz.
Histórico
O Clube foi fundado em 27 de fevereiro de 1921 como cordão carnavalesco, atualmente é designado como Centro de Cultura Afro Brasileira Clube Cultural Fica Ahí Pra Ir Dizendo. A entidade e o Chove Não Molha permanecem como os últimos remanescentes de uma grande rede de cooperação negra que funcionou em Pelotas, por meio de jornais, como o Alvorada, A Voz do Escravo e A Pena, de irmandades religiosas e clubes abolicionistas.
Por sua contribuição histórica na luta pela valorização da cultura afro-brasileira, bem como na luta antirracista, o clube foi tombado como Patrimônio Cultural do Rio Grande do Sul, em 2012. Em setembro de 2013, Pelotas, por meio da Lei nº 6.040, declarou o Fica Ahí como Patrimônio Cultural do Município.
Como ajudar
Ainda está ativa uma “vaquinha virtual” em favor do clube, quem puder quiser ajudar pode entrar neste link.