Apesar da catástrofe climática que atingiu o Estado em maio, a economia gaúcha no segundo trimestre de 2024 apresentou pequena queda, de 0,3% se comparada ao trimestre anterior. O desempenho nos três grandes segmentos no período entre abril e junho apontou alta nas atividades ligadas à agropecuária (+5,3%), variação de 0,1% nos serviços e queda de 2,4% na indústria. No mesmo período, o Produto Interno Bruto (PIB) do país registrou crescimento de 1,4%.
O desempenho, melhor do que as previsões iniciais, se deve, especialmente, na avaliação da secretária da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), Danielle Calazans, pela rápida transferência de renda proposta pelos programas sociais. “Só o Estado do RS injetou mais de R$ 300 milhões na economia. Agora, precisamos aguardar para verificar se as famílias conseguirão manter a mesma renda a médio prazo”, explicou a secretária durante a live que apresentou o resumo dos dados.
Os números mais positivos se dão em comparação ao mesmo trimestre de 2023; com crescimento do PIB gaúcho para 4,6%, no mesmo período; o Brasil cresceu 3,3%. O destaque vai para a agropecuária, com aumento de 34,6% (índice alavancado pela produção de soja); indústria, com queda de -1,7% e serviços com crescimento de 2,4%, com bastante força setor o comércio, com alta de 5,1% no trimestre.
Na avaliação do economista Ezequiel Megiato, a retração se deve em razão da enchente de maio e da performance da indústria, área mais atingida. “Até poderia ter sido bem pior, a injeção de recursos minimizou os danos. Esperamos a retomada da indústria a curto, médio prazo, sinais que ela já deu em julho”, avalia.
Megiato destaca que possivelmente o agro também deve sentir as perdas na próxima safra. “O governo do estado precisa continuar o dialogando com o governo federal, organizando as cadeias produtivas com sinergia, pois aqueles que estão lá na ponta ainda precisam de socorro e alívio”, diz.
Destaques setoriais
Em comparação ao mesmo trimestre de 2023, entre os principais grãos, houve crescimento de 43,8% na produção de soja e de 13,6% na de milho e variação de -0,3% na cultura de arroz. Na indústria, o maior crescimento foi na construção de móveis, 20,2%; 15,3% na celulose; 8,1% em produtos derivados do petróleo e na venda de veículos 2,4%.
Entre as dez principais atividades comerciais, seis tiveram desempenho positivo, em especial a de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebida e fumo (+12,1%), móveis e eletrodomésticos (18,8%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+9,7%).