Felipe Pereira Lima Marques, 36 anos, é médico cardiologista intervencionista pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre e hospital Beneficência Portuguesa, e mestre em ciências cardiovasculares pela UFRGS. Atua como cardiologista clínico em consultório, e intervencionista no serviço de hemodinâmica da Beneficência, onde são realizados procedimentos endovasculares minimamente invasivos, como cateterismo cardíaco, angioplastia coronariana, entre outros. Por conta do Dia Mundial do Coração, comemorado nesta terça-feira (24), fala sobre os cuidados para evitar doenças cardíacas.
Quais são os principais sinais de alerta que indicam a necessidade de procurar um cardiologista?
A consulta de rotina com cardiologista é indicada a todos os pacientes acima de 30 anos, para realizar avaliação e identificar um perfil de risco cardíaco. Assim, se tomam providências, tratamentos e orientações que reduzam o risco a longo prazo. Para homens antes dos 55 anos e mulheres antes dos 65 que tiverem algum familiar de primeiro grau com características cardíacas, se indica uma avaliação mais precoce para que se identifiquem possíveis fatores de risco que dê para modificar. Em relação a sinais de alerta, principalmente dor no peito, aperto, queimação, que corre para os braços, pescoço, mandíbula, região do abdômen superior ou dorso. Além disso, sintomas como falta de ar, desmaio, alteração de pressão, palpitação, sensação de arritmia, taquicardia ou bradicardia, também são sinais de alerta para procurar o cardiologista.
Qual é a importância do controle de fatores para a prevenção de doenças cardíacas?
O controle de comorbidades, como pressão arterial, colesterol, que envolve triglicerídeos, glicose, diabetes, é fundamental porque todos esses fatores são um risco para desenvolver doenças cardíacas, como infarto, insuficiência cardíaca, arritmias, entre outras alterações. Então, o controle adequado da pressão, do colesterol e da glicose, são fundamentais para se reduzir o risco de doenças cardiovasculares. São o que a gente chama de fatores de risco modificáveis. Nós conseguimos controlar, modificar e reduzir o risco associado a essas comorbidades.
Quais são os maiores desafios para conscientizar a população sobre os riscos das doenças cardiovasculares?
Fazer com que os pacientes tenham um estilo de vida mais saudável. A gente está vendo uma população cada vez mais obesa, que está usando cada vez mais hormônios para melhorar a estética. Uma população que está se exercitando menos, que ainda fuma bastante. Então adotar um estilo de vida saudável, uma dieta adequada, ter uma regularidade na prática de exercício físico, ainda é um desafio porque a maioria dos pacientes não consegue adotar ou os que adotam não conseguem sustentar por um tempo prolongado, que é o que tem o maior impacto em redução de risco cardíaco. Em relação a outras medidas, acho que podem ter mais ações do governo em relação à conscientização de verificação da pressão material, de rotina de exames para avaliar a glicose e colesterol, para que se diagnosticam mais essas doenças que muitas vezes são silenciosas e se proporcionam um tratamento mais frequente.
Como os dispositivos de monitoramento de saúde, como smartwatches, podem ajudar na detecção precoce de problemas cardíacos?
Esses dispositivos têm sido cada vez mais validados como um método eficaz na detecção de alterações do ritmo cardíaco. É uma forma de monitorar, detectar e gerar aquele sinal de alerta para o paciente procurar o cardiologista para melhor entendimento. Porque algumas alterações do ritmo são tão eventuais, que podem ser pegas em um elétron comum ou até mesmo em elétrons de 24 horas, como o router. Uma outra vantagem é que estimula hábitos mais saudáveis. A gente sabe que quem caminha mais de 2,8 mil passos por dia vive mais, tem menos doenças cardíacas. E pacientes sabendo disso e tentando controlar, alcançar essa meta, também é uma maneira de reduzir risco cardíaco.