Vapores e paquetes levavam e traziam cargas e passageiros
Edição 19 de julho de 2024 Edição impressa

Quinta-Feira19 de Setembro de 2024

Memórias

Vapores e paquetes levavam e traziam cargas e passageiros

Pelotenses utilizavam companhias como a Lloyd Brasileiro e a Nacional de Navegação Costeira

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Vapores e paquetes levavam e traziam cargas e passageiros
Henrique Lages chegou a Pelotas a bordo de uma de suas embarcações (Reprodução acervo Biblioteca Nacional do Brasil)

Os navios eram um dos principais meios de transporte de passageiros e cargas no início do século 20. Em 1924, os jornais de Pelotas publicavam diariamente anúncios das companhias de Navegação Lloyd Brasileiro e Nacional de Navegação Costeira, ambas fundadas no final do século 19. 

Os anúncios, que chegavam à imprensa via telégrafos, atualizavam a rota e a previsão de chegada, por exemplo. De acordo com o pesquisador Guilherme Almeida, os embarques e desembarques ocorriam semanalmente e quinzenalmente. 

Criada por imigrantes portugueses em 1891, a Companhia Nacional de Navegação Costeira foi batizada inicialmente por Lage & Irmãos. Com sede  no Rio de Janeiro, a Costeira operou entre 1891 e 1965. A empresa ficou conhecida por identificar suas embarcações por Ita, de origem tupi, a exemplo dos paquetes Itaberá e o Itaperuna, que frequentemente eram utilizados pelos gaúchos da Zona Sul. 

A Lloyd Brazileiro foi fundada em 1890 como uma empresa privada, a partir de um projeto do barão de Jaceguai, Artur Silveira da Mota, que buscava a criação de uma companhia  de navegação de grande porte, constituída por todas as companhias nacionais. A proposta previa a manutenção das linhas existentes e o estabelecimento de duas transoceânicas, e a atuação em guerras, caso fosse necessário. A companhia passou por muitos problemas financeiros, chegou a falir, mas foi recomposta mais de uma vez. Em 1937, o governo de Getúlio Vargas determinou a incorporação do Lloyd à esfera federal. Em 1997 foi definitivamente extinta.

 Empresário festejado

O pesquisador Guilherme Pinto de Almeida relata no perfil do projeto Pelotas Memória um episódio que gerou grande movimentação social em Pelotas:  a visita do empresário Henrique Lage  (1881-1941), em março do ano de 1920. “O magnata do ramo carbonífero e da indústria e transporte navais viera a bordo do mais novo vapor da sua Companhia Nacional de Navegação Costeira, o Itaquatiá (pedra pintada, em tupi), em viagem inaugural ao Sul do Brasil”, relembra Almeida. 

Saindo do Rio de Janeiro, o vapor passou pelos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. No Rio Grande do Sul fez a sua primeira parada em Porto Alegre, evento amplamente noticiado e festejado. Segundo o pesquisador, em Pelotas foram criadas comissões e um programa de festejos de gala, para a recepção do empresário. Entre as atividades estavam passeios pelos arrozais, visita à Santa Casa de Misericórdia e às pedreiras do Monte Bonito. 

No dia 20 de março, ocorreu o baile de gala no Clube Comercial, animado “pela orquestra local somada à orquestra do Cinema Odeon carioca”, cedida por Lage. As festividades foram encerradas no dia seguinte,  com um almoço a bordo do vapor, oferecido a comerciantes e autoridades pelotenses. 

Fonte: jornal A Opinião Pública/Acervo Bibliotheca Pública Pelotense; @pelotasmemoria, com texto de Guilherme Almeida e edição de imagens: Valder Valeirão

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