Na última semana de 2025, a Prefeitura de Pelotas entra numa corrida que pesa no fechamento do ano e no termômetro político do governo Marroni: uma força tarefa, envolvendo praticamente todas as secretarias, para colocar em ordem o caminho burocrático das emendas impositivas indicadas pelos vereadores para o exercício. O ponto aqui não é “pagar tudo até 31 de dezembro” como se fosse um botão, e sim garantir que cada emenda tenha um destino administrativo formalizado, com análise técnica e providência de execução. Emendas podem virar execução direta, com compra, obra ou serviço dentro da estrutura do Executivo, ou execução indireta, quando envolvem entidades, termos de parceria, plano de trabalho, pareceres e uma sequência de exigências que raramente fecha sem ajustes.
Esse cuidado ganhou relevância em 2025 porque emendas deixaram de ser só um tema de bastidor e passaram a ocupar o centro do debate institucional. No primeiro semestre, a Prefeitura buscou respaldo judicial em prazos de pagamento área da saúde, enquanto vereadores de oposição passaram a tratar o assunto como possível gatilho de responsabilização política. Mais adiante, o Ministério Público entrou no tabuleiro cobrando regramento e limites para o volume e o formato das emendas, com impacto sobre emendas individuais e emendas de bancada. Na prática, isso elevou o peso do procedimento: não basta existir a dotação no papel, é preciso demonstrar, com processo e registro, o que foi executado, o que está encaminhado e o que não pôde andar por razões técnicas.
É nesse ambiente que a força tarefa desta última semana faz sentido. Ao correr para instruir processos, corrigir pendências documentais, alinhar objetos com as secretarias responsáveis, ajustar planos de trabalho e registrar impedimentos quando existirem, o governo tenta encerrar 2025 com o máximo de emendas em situação administrativa definida. Não é uma disputa apenas por calendário. É uma disputa por governança, por controle de risco e por narrativa. Se o município fecha o ano com os processos encaminhados e justificativas formalizadas onde for necessário, reduz espaço para judicialização e para acusações genéricas de descumprimento do orçamento. Se não fechar, o tema entra em 2026 ainda mais exposto, com pressão redobrada na Câmara e sob vigilância de órgãos de controle.
Semana decisiva
A Câmara de Vereadores fecha 2025 com uma semana de decisões que já projetam o mapa de forças de 2026. Na segunda-feira (29), às 9h, a Comissão de Ética, presidida por Jurandir Silva, votará o parecer do relator Marcelo Bagé no caso do vereador Cauê Fuhro Souto. Parecer que indica absolvição e que, após a deliberação do colegiado, seguirá o rito até o plenário. No mesmo dia, em agenda extraordinária, a Casa encaminha a definição dos presidentes das comissões permanentes para 2026, com atenção especial à CCJ e à COF, responsáveis por dar ritmo à tramitação da maior parte dos projetos; hoje, a CCJ é comandada por César Brizolara, e a disputa por esses postos tende a explicitar os movimentos entre governo e oposição. O arremate vem na terça, 30, com a posse da nova Mesa Diretora: Carlos Júnior (PSD) deixa a presidência para Michel Promove (PP), e a composição também marca a troca na vice, com a saída de Antônio Peixoto (PSD) e a entrada de Marcelo Bagé (PL).
Troca confirmada
Era quase Natal quando a Prefeitura oficializou a troca no comando da Secretaria de Assistência Social, com a saída de Raquel Nebel, servidora de carreira que estava no cargo desde o governo Paula, e a entrada de Roberta Mello, assistente social ligada ao PSOL. A mudança vinha sendo considerada há meses nos bastidores, em meio a um descontentamento interno com a atuação da secretaria, e acabou anunciada sem grande alarde, mas com um recado político nítido, porque foi apresentada junto com as principais figuras do PSOL no governo, como a vice Dani Brizolara e os secretários Júlio Domingues e Mateus Consen. Agora, o ponto central é o que a troca produz na prática, já que a Assistência Social é uma das áreas mais pressionadas por demanda e por cobrança de resultados, e a nova gestão será testada pela capacidade de reorganizar a rede e dar resposta mais rápida.