Investidores da SAF do Brasil pretendem aproveitar potencial local e proximidade com o Uruguai

Captação de atletas

Investidores da SAF do Brasil pretendem aproveitar potencial local e proximidade com o Uruguai

Grupo valoriza qualificação oriunda de Pelotas, mas não fecha portas para atletas e profissionais de fora

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Investidores da SAF do Brasil pretendem aproveitar potencial local e proximidade com o Uruguai
Dos quatro jogadores oficializados para 2026, dois nasceram em solo pelotense, um cresceu na cidade e outro fez base no Xavante; todos estavam na conquista da Copa FGF (Foto: Jô Folha)

Aproveitar o potencial local, em Pelotas, e a proximidade da fronteira com o Uruguai são premissas dos investidores do Consórcio Xavante, grupo que está adquirindo 90% das ações da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Brasil. A prioridade dada a profissionais da região figura entre os pilares do planejamento estratégico dos novos gestores por uma série de fatores, mas não se trata de um modelo rígido.

A Pluri Sports, empresa de consultoria parceira do clube ao longo do processo de transformação administrativa, divulgará em janeiro um estudo que aponta Pelotas como uma das cidades mais fortes do país (top-10 nacional) na formação de atletas de alto nível. A distinção se soma ao aspecto financeiro, conforme o economista e sócio-fundador da Pluri, Fernando Ferreira.

“Essa estrutura custa – ter olheiros, pessoas que acompanhem, ter uma rede de pessoas no Brasil inteiro. Ao mesmo tempo, os profissionais nascidos em Pelotas, no Rio Grande do Sul, são de altíssimo nível e têm uma relação muito forte com a terra, suas tradições e origens”, argumenta Ferreira. “Fortalecer identidade e cultura, os laços com a cidade, tudo está no planejamento estratégico”, complementa.

Athletic Bilbao como inspiração, mas não “a ferro e fogo”

Na semana passada, repercutiu internacionalmente uma comparação feita entre o modelo projetado pelo Consórcio Xavante e o aplicado há décadas pelo Athletic Bilbao. Localizado no País Basco, região geográfica e cultural da Espanha, o clube só tem no elenco jogadores de ascendência basca e se consolidou como um dos maiores celeiros de talentos do futebol mundial.

Ferreira confirma o olhar dos investidores para o modelo do Bilbao como um espelho, no entanto contextualiza a comparação publicada inicialmente por GZH. “Haverá uma relação de se perceber o valor das pessoas da cidade para tudo nessa estratégia do Brasil. Mas, de fato, não vai ser um negócio levado a ferro e fogo como o Athletic Bilbao”, afirma.

Dos quatro atletas oficializados pelo Xavante para a próxima temporada, dois nasceram em Pelotas (Otávio e Yuri), um cresceu na cidade (Alan) e outro veio de Minas Gerais para a base do clube (Thiago Henrique). Novos rostos formados em solo pelotense podem aparecer para o elenco de Gilson Maciel, mas não será uma regra. “A porta não vai estar fechada para ninguém. Se achou um jogador no Maranhão que é uma joia, ótimo”, resume.

Contatos com o país vizinho

A premissa de apostar nos talentos locais – algo que vale não apenas para atletas, mas também para funcionários – se soma ao interesse em estreitar laços com o Uruguai. A terra do ídolo Claudio Milar também faz parte da história do Xavante em função do amistoso disputado em 1950, meses antes do ‘Maracanazo’, quando o Brasil venceu a seleção que viria a ser campeã mundial meses depois. Em breve, a conexão ganhará novos capítulos.

Segundo o consultor da SAF do Rubro-Negro, já há contatos, intermediados por Emerson da Rosa, um dos investidores, para costurar negócios envolvendo jogadores da nação vizinha. “O Brasil tem que ser percebido como uma forma de entrada dos jogadores uruguaios no país”, diz o economista.

A captação de jovens para as categorias de base será uma das prioridades da nova gestão. Para isso, a construção de um centro de treinamento é considerada primordial. Três áreas em Pelotas estão sob análise – uma delas a da Sanga Funda, em terreno já utilizado pelo Brasil. Novidades devem surgir em 2026.

Proposta por SAF

Os compromissos assumidos pelos investidores que apresentaram a proposta, aprovada em outubro, são:

  • garantir orçamento mínimo de R$ 142 milhões em dez anos;
  • assumir a dívida do clube, estimada em R$ 22 milhões, conforme o processo de recuperação judicial já aprovado;
  • construir um novo centro de treinamento;
  • modernizar o estádio Bento Freitas;
  • investir em questões estruturais voltadas ao futebol profissional e às categorias de base.

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