Hoje o criador da Murais do Sul, o produtor cultural Vinicius Amorim, estará em Pelotas, capitaneando uma equipe de artistas e gestores da arte, para realizar a oficina Como potencializar a arte urbana no RS?. A atividade acontece na Associação Otroporto, na rua Benjamin Constant, 701A, das 10h às 17h, gratuitamente. Murais do Sul é a primeira plataforma colaborativa dedicada a mapear, registrar e valorizar as expressões artísticas urbanas. O projeto promove um circuito de oficinas formativas conectando artistas, gestores culturais e comunidades.
Como surgiu a ideia de criar o Murais do Sul e qual foi a principal motivação para desenvolver uma plataforma colaborativa dedicada à arte urbana?
Então nosso projeto ele nasce em decorrência de um outro projeto que a gente realiza aqui em Porto Alegre que se chama Festival Olhe Pra Cima, um festival de muralismo que a gente pinta murais gigantes no centro histórico e no bairro Cidade Baixa em Porto Alegre, quando a gente começou a pintar os murais, começamos também a fazer a catalogação desse nosso acervo e isso nos despertou a vontade de catalogar outros murais aqui em Porto Alegre e essa história ganhou força, tomou um outro corpo e a gente acabou inscrevendo, no ano passado, o projeto Murais do Sul na PNAB (Programa Nacional Aldir Blanc), fomos contemplados e agora a gente tá executando o projeto. O Murais do Sul tem esse propósito, fazer a catalogação da arte urbana, que é muito importante. Todos os museus acabam fazendo a catalogação do seu acervo e a arte urbana que tá na rua, que tá espalhada e que é efêmera muitas vezes, a gente precisa também ter esse cuidado e acho que vai ser um projeto muito importante para arte urbana gaúcha no modo geral.
Como funciona essa catalogação com acervo que pode ser efêmero por vezes?
A gente criou essa plataforma, o endereço é muraisdosul.com.br. A gente tá convidando agora os artistas nesse primeiro momento para contribuírem, o artista faz um cadastro rápido com suas informações pessoais e informações da sua biografia, do seu currículo como artista e depois disso, ele consegue cadastrar um dos murais que ele pintou. O público pode navegar pela plataforma por três caminhos: o primeiro dele é entrando na plataforma e entrando na seção Artista. Quando ele entrar nessa seção, a plataforma vai listar todos os artistas cadastrados. Ele pode também fazer a navegação através do menu Murais, que vai listar também todos os murais cadastrados na plataforma. Mas também tem uma parte muito interessante que é fazer a navegação através do mapa. Todo mural cadastrado está atrelado a um endereço e, no momento que ele é cadastrado na plataforma, ela enviará um “pin” no mapa. A gente consegue ver esse mapa tomando forma e ganhando novas marcações com o passar do tempo. A ideia é fazer esse mapeamento em todo o Rio Grande do Sul.
Esse mapa representa todo o Estado?
Exatamente. Mas a gente teve de escolher um recorte de nove cidades para então criar uma oficina e agora na próxima sexta-feira (hoje), a gente vai estar em Pelotas: eu, o Tio Trampo, que é um dos precursores da arte urbana e do grafite no Rio Grande do Sul, o André Venzon, que é curador, gestor, esteve à frente do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul e participou na sua gestão do Margs, da catalogação do acervo deste Museu, então uma pessoa que tem muita contribuir conosco. Eu também levo a Ju Brondani, que trabalha com editais e financiamentos via lei incentivo à cultura. Enfim, acordar um pouco os artistas e trazer uma forma de viabilização das ideias e dos projetos através dos editais. Levo uma dupla de arquitetos e urbanistas que vão falar sobre o poder de transformação social e de como as interferências artísticas que fazemos contribuem também para esse redesenho das cidades. E eu encerro essa dia de atividades falando um pouco das experiências do Festival Olhe pra Cima, que sou idealizador e também curador. Eu vou estar contribuindo e compartilhando ideias e conversando para fomentar e tentar despertar que iniciativas como essa que a gente vem desenvolvendo da pintura de grandes murais, essa ocupação das laterais de prédios, elas passem a acontecer em outras cidades do Estado.