Eleito com folga para assumir a presidência da Câmara de Vereadores de Pelotas, o vereador Michel Promove (PP) tem uma série de desafios pela frente, mas nenhum é tão complexo quanto a crise de imagem que o Poder Legislativo vive atualmente. A confiança massiva de seus pares na eleição quase unânime não pode se transformar em corporativismo e o novo chefe do Legislativo precisa realizar ações realmente eficazes para conectar o poder com a comunidade e organizar a casa. Mesmo com um trabalho significativo feito por Carlos Jr. (PSD) até aqui, há ainda muita coisa para ajustar.
Uma pesquisa do IPO revelada pelo A Hora do Sul em outubro mostra que menos de 40% dos pelotenses confiam na Câmara de Vereadores, o pior desempenho dentre as instituições avaliadas. É um claro sinal de que algo está errado. Não adianta alguns parlamentares torcerem o nariz, culparem a imprensa, tudo e todos, enquanto seguem mantendo uma atuação populista em redes sociais e de pouco trabalho realmente efetivo. O pelotense quer medidas realmente eficazes, um trabalho firme e propositivo, que colabore com a construção de uma cidade mais qualificada para se viver.
Compreender o papel do Legislativo e onde ele pode ser um colaborador com o desenvolvimento regional é o caminho para que a Câmara de Vereadores retome, em seu ritmo, o prestígio junto à comunidade. Para o próximo ano, há muitos caminhos para isso, como resolver de vez a questão com a sede da Casa do Povo, repensar o papel das emendas e, principalmente, trabalhar em processos que criem um ambiente positivo para a atração de empresas e geração de empregos no município, bem como na qualidade de vida e de serviços prestados à população. De nada adianta perder manhãs debatendo aleatoriedades, quando a cidade realmente precisa de muita ação para andar para frente.
Vimos com a recente movimentação da Lei da Inovação que o Legislativo é capaz de agir rapidamente e resolver questões de maneira eficiente. Vimos com o Congresso Presença Negra que há capacidade de se conectar com temas importantes para a comunidade e trazer questões necessárias para o debate. É normal que a Câmara seja um ambiente de discussões e de alguns embates. Mas isso precisa que sejam em torno de ideias. A cidade quer ver trabalho e certamente estará de olho, enquanto torce pelo bem da cidade.
