Com a chegada do calor, bicicletas ganham mais espaço em Pelotas

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Com a chegada do calor, bicicletas ganham mais espaço em Pelotas

Mesmo com 70 km de ciclovias e ciclofaixas, apenas 6,21% das vias têm estrutura adequada

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Com a chegada do calor, bicicletas ganham mais espaço em Pelotas
(Foto: Jô Folha)

Conforme o verão se aproxima e as temperaturas aumentam, cresce também a circulação de bicicletas em Pelotas. Seja como meio de transporte, exercício ou lazer, pedalar volta a ganhar força na rotina das pessoas. A cidade conta atualmente com cerca de 70 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas, mas, segundo o Censo 2022, apenas 6,21% das vias possuem algum tipo de estrutura voltada aos ciclistas.

Há cinco meses em Pelotas, a estudante de Engenharia na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Victoria Barbosa Jesus, 18 anos, incorporou a bicicleta aos hábitos do dia a dia. Vinda do Rio de Janeiro, a universitária conta que, na cidade, a bike se tornou o principal meio de deslocamento até a faculdade, além de ajudá-la a cumprir outras atividades da semana.

Embora avalie positivamente a qualidade das ciclofaixas, ela aponta problemas que afetam a segurança. Segundo Victoria, muitos motoristas, ao cruzarem uma ciclofaixa, olham apenas para um lado, partindo do pressuposto de que as bicicletas circulam somente no mesmo sentido dos carros, o que nem sempre ocorre. Essa falta de atenção já quase resultou em um acidente sério. “Deu uma empenada na roda da bike, mas só isso”, revela.

Ela também menciona obstáculos na estrutura, como a presença de entulhos e bloqueios em alguns trechos, que obrigam a ciclista a desviar para a rua ou para espaços mais estreitos. A jovem alerta que as manobras improvisadas tendem a aumentar o risco de colisões com os veículos que circulam na pista de rolamento: “Isso dificulta a vida do ciclista”.

Obstáculos variados

Para Gregory Oliveira, 27 anos, morador do bairro Fragata desde a infância, o relevo plano da cidade é um dos maiores aliados do uso da bicicleta. Ele destaca a possibilidade de atravessar grandes distâncias utilizando boa parte das ciclofaixas já existentes, como em direção ao Laranjal. Porém, o ciclista cita a presença de trechos interrompidos, disputas de espaço com contêineres de lixo e carros estacionados incorretamente.

Gregory também alerta para a postura de parte dos motoristas, que nem sempre respeitam a prioridade dos ciclistas. “O condutor de veículo automotor aqui em Pelotas tem uma dificuldade de perceber a hierarquia. A gente tem que confiar que o motorista não vai passar por cima da gente”, diz Gregory, que sofreu um acidente no trânsito em 2013.

Ampliação e manutenção de acessos

Sobre a estrutura da cidade, a prefeitura informa que trabalha na ampliação gradual da malha cicloviária, priorizando a ligação entre bairros. Também afirma que realiza monitoramento dos pontos críticos, a partir de dados de sinistros e análises de fluxo, e que a manutenção da sinalização segue o cronograma da Secretaria de Transporte e Trânsito (STT). Mais recentemente, a ciclovia da avenida Fernando Osório passou por revitalização do pavimento.

Mais ciclistas na rua, mais segurança

No verão, o aumento do fluxo de ciclistas é evidente. Para reforçar a segurança, a STT promove ações educativas, monitoramento de trechos mais movimentados e escoltas de grupos organizados de pedal. Além disso, foram distribuídos capacetes e luzes intermitentes a ciclistas, visando melhorar a visibilidade, principalmente durante a noite.

Para quem não tem bike

O sistema de bicicletas compartilhadas BikePel conta atualmente com 50 bicicletas ativas. O uso cresce nos meses mais quentes, embora haja registros ocasionais de vandalismo, o que exige manutenção e reposição por parte da empresa responsável.

Ao todo, são sete estações:

  • Praça Coronel Pedro Osório
  • Shopping Pelotas
  • Avenida Dom Joaquim esquina rua Andrade Neves
  • Parque Dom Antônio Zattera
  • Avenida Ferreira Viana esquina avenida Juscelino Kubitschek
  • IFSul
  • Avenida Juscelino Kubitschek com avenida Domingos de Almeida

Os passes do BikePel custam a partir de R$ 3,00 por 30 minutos, com opções diárias (R$ 10,00/24h) e mensais (R$ 30,00/30 dias). O cadastro, aquisição do passe e retirada da bicicleta são feitos pelo site ou aplicativo. A retirada funciona das 06h às 23h e a devolução é permitida 24 horas por dia em qualquer Estação Virtual.

Outros cuidados

Além dos desafios urbanos, pedalar no verão exige ainda cuidados com o corpo. De acordo com dados do Observatório da Bicicleta, o calor intenso pode causar desidratação, fadiga, queimaduras e até insolação. É importante priorizar a hidratação com água e líquidos eletrolíticos, usar protetor solar com alto fator de proteção, e pedalar bem cedo ou no fim da tarde para evitar os horários mais quentes.

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