Ana sempre idealizou um relacionamento. Em sua adolescência, acabou encontrando alguém para somar.
Se conheceram rápido; na pressa de ser, logo definiram um caminho para seguir.
Ana não conhecia o amor daquela forma.
Em sua família, pouco se falava sobre amar.
Cresceu com uma imagem distorcida do mundo, do amor.
Aceitava tudo com um sorriso no rosto.
Aceitava as flores, os presentes, os gestos positivos.
Com o tempo, a positividade se tornou possessividade;
os presentes, um pedido de desculpas; as flores, palavras duras.
Ana ainda aceitava.
Sempre com ternura, sempre em busca de uma cura
para consolar a si mesma de alguma maneira.
Não conseguia enxergar sua força dentro daquele mar de fantasias.
O medo da solidão era maior do que a agressão.
Cedeu às vontades, até cansar seu coração.
Não ser vista por quem mais gostaria
era como não existir em si.
Um dia, uma pessoa desconhecida elogiou Ana na rua,
sem malícia ou intenção.
Elogiou, de fato, com o coração.
Foi uma semente plantada em Ana,
que a fez lembrar de sua própria pessoa.
Por um momento, seus olhos voltaram-se apenas para si, percebendo cada detalhe,
cada brilho que ela tanto buscava em outras pessoas.
Ana enfrentou sua solitude sozinha
e se reencontrou na própria companhia,
após passar tanto tempo esquecida em alguém que não a via.
Amor bom é aquele que não te cega.
Amor bom é aquele que te enxerga.
Amor bom é o que não tem pressa, mas se demora na hora certa.
– Dedico às pessoas que se perderam e que se encontraram.