Nesta edição do Educame, iniciamos a divulgação dos indicadores de qualidade da água na região Sul, a partir de um projeto realizado em conjunto entre o jornal A Hora do Sul e um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), liderados pelo Professor Maurizio Silveira Quadro, do Laboratório de Análise de Água e Efluentes. Os primeiros resultados estão relacionados às coletas de amostras em pontos de Santa Vitória do Palmar e Chuí.
O objetivo do trabalho é fornecer aos leitores um material completo e de qualidade técnica sobre a água que chega até suas casas. Além disso, é uma forma de alertar os governos municipais e toda a população para a necessidade de ações voltadas à preservação do meio ambiente, o controle de cheias, ampliação de saneamento básico e segurança hídrica.
Coleta
Seguindo critérios que auxiliam o estudo a ter um panorama dos impactos na qualidade da água, foram delimitados cinco pontos de coleta na região de Santa Vitória do Palmar e nas proximidades com a parte brasileira no Chuí.
As amostras foram coletadas no mês de maio e analisadas pelo grupo de pesquisadores da UFPel. Durante o processo de captação, as equipes também estiveram atentas às condições físicas dos arroios e lagos, suas localizações e os empreendimentos no entorno, com o objetivo de identificar possíveis influências para os resultados encontrados.
Índice de Qualidade das Águas (IQA)
Criado em 1970, nos Estados Unidos, o IQA é o principal índice de qualidade da água utilizado no Brasil na atualidade. Ele foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água bruta visando seu uso para o abastecimento público, após tratamento. Os parâmetros utilizados no cálculo são, em sua maioria, indicadores de contaminação causada pelo lançamento de esgotos domésticos.
Para a categorização dos pontos analisados, foram considerados os seguintes parâmetros de qualidade de água para o estado do Rio grande do Sul:
Análise
Conforme o trabalho desenvolvido pelos pesquisadores do Laboratório de Análise de Água e Efluentes da UFPel, dos cinco pontos coletados, três apresentaram qualidade boa, um razoável e apenas a amostra captada na ponte sobre o arroio Chuí foi classificada como ruim.
De acordo com a pesquisadora Josiane Farias, as duas amostras piores classificadas indicam a possibilidade de haver lançamento de esgoto doméstico nos locais, sendo a enquadrada como ruim, com potencial de contaminação. “O nível de preocupação é a frequência com que a classificação ruim aparece e devemos analisar qual é o parâmetro que está influenciando. No caso do ponto no Chuí é o microbiológico, que pode indicar, além do lançamento de esgoto doméstico, a presença de dejetos ou esterco de animais”, afirma a pesquisadora.
O professor responsável pela equipe destaca que a qualidade da água na Lagoa Mirim é considerada BOA segundo o IQA. “Isso sugere, neste momento, um ecossistema relativamente equilibrado, com baixo nível de poluentes e boa oxigenação, favorecendo a vida aquática e usos diversos da água”, afirma Maurizio.
No entanto, com relação ao arroio Chuí, que apresentou um IQA preocupante, com índice de qualidade da água considerado ruim, o professor destaca que a principal causa pode ser a contaminação antrópica, especialmente pelo lançamento de esgotos domésticos com tratamento inadequado ou inexistente. “Essa situação compromete a saúde do ambiente aquático, coloca em risco o uso da água pela população e indica a urgência de medidas de saneamento básico”, reforça.
Próximos passos
As coletas seguem sendo realizadas pelo grupo de trabalho e, nas próximas edições do Educame, mais análises sobre a qualidade da água na região Sul deverão ser divulgadas.