Entre histórias e relatos, o projeto Pelotas Merece avança resgatando um tanto da identidade do orgulho de ser pelotense. E parte significativa disso é formada pelo cidadão de cada dia, pelas pessoas que conseguem fazer a diferença individualmente e, ainda mais, conseguem mover o coletivo inteiro em prol de uma ideia. São os pequenos milagres que fazem o mundo um tanto melhor. E poucas figuras representam tanto isso, a gana por deixar o mundo um lugar melhor a partir de nossa cidade, quanto Edelbert Lorsch, o professor Krüger.
A história dele, contada em duas páginas nesta edição, é daquelas que facilmente renderia um filme. A doença, a luta por pulmões, a mobilização de uma cidade inteira crescendo raízes Estado e país afora por uma pauta tão importante quanto a doação de órgãos, a redenção do milagre de encontrar a resposta no último minuto e, por fim, a dedicação de uma vida para levar aos outros o acolhimento que ele próprio recebeu quando precisou.
São pessoas assim que fazem a gente tem certeza de que o mundo é bom, de que a vida vale a pena e de que as pessoas, em sua essência, querem fazer o bem. Embora o barulho dos maus muitas vezes faça mais estardalhaço do que o movimento dos bons, é nesse tipo de situação que devemos nos prender enquanto humanos, para termos certeza de que engajar em fazer o bem vale a pena.
A cada pessoa que abraçou a pauta da doação de órgãos nos inúmeros eventos e conferências realizados a partir do diagnóstico do professor Krüger, um pouco de bondade foi feito. Se uma vida for salva a partir de todo esse movimento, já valeu a pena. E a do professor foi, mas deixa uma lição para que diversas outras também possam receber a dádiva da nova chance.
O aprendizado que fica é que devemos conversar com as pessoas próximas a nós sobre a necessidade da doação de órgãos e a importância de deixar tal assunto claro e tramitado a pleno. Se uma pessoa consegue salvar oito vidas, é inacreditável termos mais de 78 mil brasileiros, sendo três mil gaúchos, dormindo todas as noites com a angústia de estar em tal fila. A vida pode ser boa e, mesmo na morte – ou no quase –, podemos fazer o bem acima de tudo.