A reportagem especial das páginas 14 e 15 desta edição traz um ar de angústia: afinal, o que será de Candiota se a Usina Termelétrica Candiota 3 não voltar a operar? Os relatos trazidos pela repórter Victória Fonseca dão a tônica de uma comunidade, acima de tudo, apavorada com a situação que enfrenta. Se nada for feito para reverter o cenário, ou para se criar alternativas, são milhares de famílias que ficam sem renda, sem perspectiva de futuro, e uma cidade que vê sua economia colapsar.
É sabido que vivemos em uma crise climática, que fará esse tipo de geração de energia deixar de ser usada a médio ou longo prazo. É insustentável. Mas, para isso, é preciso fazer uma transição justa, principalmente com os trabalhadores. Fechar a usina do dia para a noite, causar pânico nas pessoas e não dar tempo para a cidade se reorganizar para o futuro é cruel e desumano. É preciso cobrar dos políticos gaúchos, em todos os níveis, que exerçam pressão e influência para que Brasília mexa-se a favor de Candiota com a tão necessária Medida Provisória.
A partir da garantia de um respiro, é preciso já começar outro movimento: pensar em alternativas para manter Candiota uma cidade economicamente ativa para o período pós-usinas. Para isso, seria interessante definir já um cronograma de transição e, imediatamente, as lideranças locais devem iniciar essa reflexão e movimentos para que não haja tamanha ruptura quando o prazo final chegar. São necessários estudos de potencialidades, contatos com empresários e investidores e, principalmente, boa vontade para achar esse próximo perfil da cidade.
Enquanto isso não ocorre, é urgente clamar por um olhar especial para as pessoas. A angústia de acordar sem a certeza do emprego no dia seguinte, não para um cidadão, mas para milhares de famílias, é desumana. Uma definição precisa sair logo.