O fim de 2025 também marca o encerramento de uma temporada de reconstrução para o Remar para o Futuro. O primeiro ano completo após a tragédia de outubro de 2024 teve desafios financeiros em uma luta para o projeto continuar de pé. Enquanto a coordenação busca a sustentabilidade administrativa, a equipe seguiu somando conquistas, apesar do foco ainda não ser o âmbito competitivo.
“O ano teve como ponto central para a gente a palavra reconstrução. Fomos destruídos. Foi um ano de muito trabalho para reconstruir relações, o cotidiano, os afetos, as práticas. Um ano de esforço para que as pessoas pudessem desfrutar desse projeto que muda vidas através do esporte”, disse à Rádio Pelotense 99,5 FM o coordenador geral do Remar, Fabrício Boscolo.
Uma das últimas notícias, já na transição para 2026, foi a convocação de Kamilly de Freitas Dias, Arthur Dias de Freitas e João Pedro Farias Duarte para duas semanas de treinamento com a seleção brasileira sub-19 no Rio de Janeiro, entre os dias 18 e 31 do primeiro mês do próximo ano.
“Nunca foi o objetivo competitivo em 2025, mas a gente faz isso tão bem no nosso cotidiano que mesmo não tendo competições como objetivo, tivemos sucesso em diversas delas”, afirma Boscolo.
O Remar ainda teve medalhas em etapas do Campeonato Gaúcho, no Brasileiro de Jovens Talentos, na Copa Sul Sudeste, nos Jogos da Juventude, no Sul-Americano e no Pan-Americano da Juventude, entre integrantes do projeto e atletas formados nele que já representam outros clubes país afora.
O que chegou e o que falta chegar
Mirando 2026, paira uma interrogação a respeito da questão financeira do projeto. Emendas impositivas listadas em 2024 pela Câmara de Vereadores ainda não foram destinadas. Recentemente, uma decisão do Ministério Público limitou em 50% o valor a ser desembolsado via emendas impositivas.
A não execução desse pagamento gera dúvida e dificulta o planejamento do Remar. Além disso, antes do acidente, o projeto recebia cerca de R$ 11 mil mensais da prefeitura de Pelotas, benefício cessado. A prefeitura informou à reportagem, em outubro, a necessidade de ajustes no contrato para retomar os pagamentos. Procurada nesta segunda (22) para atualizar a situação, a assessoria de comunicação do Executivo municipal não retornou até a publicação desta matéria.
Durante 2025, o Remar se manteve a partir de patrocínios – atualmente a Unimed e a Farmácia São João são listadas como empresas parceiras – e por meio da verba encaminhada pelo Ministério do Esporte, do governo federal. Os R$ 754 mil serviram para recursos humanos, quitando os salários dos profissionais envolvidos, e compra de equipamentos como coletes salva vidas e peças para barcos.
Já o Ministério Público do Trabalho (MPT) enviou um montante útil para a aquisição de quatro remoergômetros – aparelhos que simulam o movimento da remada. “Do ponto de vista de remo ergômetros, o Remar para o Futuro não vai ter problema pelos próximos dez anos. Mas a gente ainda precisa melhorar nossa estrutura, e por isso as emendas parlamentares são essenciais”, explica Boscolo.
Como cada verba pública precisa ter uma destinação específica, a incerteza sobre qualquer uma delas causa um efeito dominó dentro da rotina do projeto. O coordenador trata o valor das emendas impositivas como fundamental para resolver um problema relevante: recursos materiais, principalmente envolvendo os barcos disponíveis para os atletas.
De maneira urgente, são necessários pelo menos quatro barcos para um remador, dois barcos para dois remadores e um barco para quatro remadores. Hoje há só três barcos para duplas, um para quatro componentes e um para oito atletas.
Vagas abertas
Fruto de parceria com a prefeitura de Pelotas, a UFPel e o Clube Centro Português 1º de Dezembro, o Remar para o Futuro tem três vagas abertas para alunos da rede municipal de ensino. O foco está em meninas que completam 13 ou 14 anos em 2026. Para mais informações e contato, é necessário enviar mensagem via Instagram @remarparaofuturo.
“Em 2026, nosso objetivo é sistematizar práticas de prescrição e avaliação. A gente está em busca de mais um patrocinador para poder ter uma estrutura bastante estável de trabalho em longo prazo. O brasileiro sempre pensa de forma imediata, e aqui no Remar para o Futuro a gente conquistou o que conquistou por pensarmos em longo prazo”, resume Boscolo.
