A Petrobras solicitou ao Ibama licenciamento ambiental para a perfuração de dez poços exploratórios de petróleo e gás natural na Bacia de Pelotas. O pedido de prospecção, que visa identificar possível potencial petrolífero comercial, corresponde a uma área marítima situada entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar.
O termo de referência para a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) foi emitido pelo Ibama em julho, porém a Petrobras ainda não apresentou o relatório elaborado. Além do estudo, para receber a liberação do instituto, são necessárias outras etapas, como licenças prévias, de instalação e de operação, assim como a realização de consulta à comunidade, com audiências públicas.
Segundo Giovani Cioccari, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e especialista em geologia do petróleo, a análise do Ibama envolve diversas questões ambientais, o que pode levar de meses a anos. O especialista ressalta ainda o número de perfurações: o pedido de dez poços é considerado incomum, já que, normalmente, os requerimentos se limitam a dois ou três furos.
“Caso achem petróleo daí furam mais. Mas é uma tática para não atrasarem as perfurações em caso de descoberta. O processo de autorização no Ibama é demorado e burocrático”, explica.
Esses são os primeiros pedidos de perfuração na Bacia de Pelotas após as novas rodadas de licitação para a exploração petrolífera realizadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), entre 2024 e este ano. Atualmente, há 47 blocos sob contrato, sendo 32 operados em consórcio entre a Petrobras e a multinacional Shell, e 15 pela Chevron Brasil.

Blocos ficam situados na costa da Zona Sul do Estado. (Arte: Guilherme Bueno)
Poços perfurados há décadas e descoberta africana
Cerca de 20 poços já foram perfurados na Bacia de Pelotas entre 1950 e 2001, mas, como não foram encontrados indícios de hidrocarbonetos na época, a atenção das petrolíferas se voltou para outros campos exploratórios. O interesse na área reacendeu após a descoberta de jazidas com reservas de bilhões de barris na costa da Namíbia.
Essas bacias africanas são consideradas análogas à de Pelotas, pois apresentam formação geológica semelhante, que remonta a mais de 200 milhões de anos, quando os dois continentes integravam o supercontinente Gondwana. Com isso, considera-se a possibilidade de jazidas semelhantes estarem adormecidas no subsolo da bacia brasileira.
O especialista em geologia do petróleo, cita, por exemplo, que os reservatórios na costa da Namíbia estão em torno de 2,5 mil a 5 mil metros de profundidade e que a mesma escala deve ser utilizada na exploração da Bacia de Pelotas.
A Bacia de Pelotas
Com uma área de mais de 346,8 mil quilômetros quadrados, a Bacia de Pelotas se estende do alto de Florianópolis (SC) até o Uruguai. Apesar da grande extensão, a maioria dos blocos licitados para exploração se encontra no Rio Grande do Sul.