Inadimplência das empresas bate novo recorde histórico no Rio Grande do Sul em novembro

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Inadimplência das empresas bate novo recorde histórico no Rio Grande do Sul em novembro

Estado soma mais de 270 mil CNPJs negativados; número de consumidores inadimplentes passa de três milhões

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Inadimplência das empresas bate novo recorde histórico no Rio Grande do Sul em novembro
Fatores como estiagem, pandemia, taxação dos EUA e enchentes impactam no cenário (Foto: Jô Folha)

A inadimplência das empresas voltou a bater recorde histórico no Rio Grande do Sul em novembro de 2025. Dados do Indicador de Inadimplência da CDL POA apontam que 17% das pessoas jurídicas do Estado estavam negativadas no período, o maior nível desde o início da série histórica, iniciada em fevereiro de 2022. Ao todo, são 270.120 empresas com restrições de crédito no território gaúcho.

Segundo o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, o cenário econômico segue pressionando o ambiente empresarial no Estado. Ele destaca que o Rio Grande do Sul enfrenta um ciclo prolongado de fragilidade, resultado de fatores como estiagens recorrentes desde 2020, as enchentes de 2024 e impactos externos, como a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos a diversas mercadorias brasileiras.

“Desde o fim de 2019, enquanto o PIB do Brasil avançou cerca de 13%, o do Rio Grande do Sul cresceu apenas 4,5% até o segundo trimestre de 2025. Isso compromete a competitividade e dificulta a geração de caixa das empresas, elevando a probabilidade de atrasos financeiros”, avalia Frank.

A inadimplência entre os consumidores também segue em alta no Estado. Em novembro, o índice entre pessoas físicas alcançou 35,96%, o maior patamar da série histórica. O percentual corresponde a 3,084 milhões de CPFs negativados no Rio Grande do Sul, com avanço de 0,17 ponto percentual em relação a outubro.

De acordo com o economista, a elevação praticamente contínua da inadimplência reflete um ambiente econômico desafiador, marcado pela manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, o maior nível desde 2006. “O custo elevado do crédito aumenta o comprometimento dos orçamentos familiares com juros e amortizações. Mesmo com uma possível queda dos juros ao longo de 2026, o efeito sobre a inadimplência ocorre de forma defasada, entre nove e 12 meses”, explica.

Frank acrescenta que outros fatores também contribuem para o avanço do endividamento, como a ampliação do crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada, o uso inadequado dos recursos, o aumento dos gastos com apostas online e a falta de educação financeira, especialmente entre os mais vulneráveis.

A expectativa, segundo ele, é de melhora apenas gradual ao longo de 2026. “A deflação recente no atacado ajuda a aliviar custos, mas a reversão da inadimplência não será imediata, mesmo com o início do ciclo de queda da Selic”, conclui.

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