Seminário binacional aborda desafios e oportunidades na olivicultura

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Seminário binacional aborda desafios e oportunidades na olivicultura

Especialistas brasileiros e uruguaios compartilharam experiências sobre o cultivo das oliveiras no Bioma Pampa

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Seminário binacional aborda desafios e oportunidades na olivicultura
No Estado, 110 cidades possuem cultivo, a maioria concentrada na região Sul (Foto: Divulgação)

Na última semana, o município de Bagé sediou o 1º Seminário Binacional de Olivicultura do Bioma Pampa. O encontro reuniu produtores e pesquisadores brasileiros e uruguaios com o objetivo de fortalecer a produção de azeite de oliva no Bioma Pampa. O presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Flávio Obino Filho, destacou as vantagens, os desafios do cultivo e a importância da cooperação entre os dois países.

O seminário teve como objetivo aproximar produtores e pesquisadores dos dois países para acelerar o desenvolvimento da cultura da oliveira. Segundo Obino, o Uruguai está cerca de dez anos à frente do Brasil em pesquisa e já enfrentou muitos dos desafios que hoje atingem os produtores gaúchos, principalmente em relação às variações climáticas. “Estamos na mesma latitude que o Uruguai, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia, que são países que produzem azeite de oliva de qualidade, mas não com a mesma facilidade do Mediterrâneo, que tem clima extremamente seco”, explica.

Desafios na olivicultura

Entre os principais desafios do Bioma Pampa estão a alta umidade, a deficiência de fósforo e cálcio no solo e o fato de a olivicultura brasileira ser recente, com produção comercial iniciada há cerca de 20 anos. Apesar disso, o presidente do Ibraoliva destaca a qualidade dos produtos nacionais e a modernidade dos lagares brasileiros. “Eu não conheço um azeite brasileiro que participe de um concurso internacional e não receba medalha. Considerando a média, não minto ao dizer que hoje temos alguns dos melhores azeites do mundo”, afirma.

Produção focada na qualidade

Diferente do modelo mediterrâneo, o foco da produção na região não é o volume, mas a qualidade. “Colhemos as azeitonas ainda verdes. Quanto mais verde a fruta, maior a qualidade do azeite e menor o rendimento em volume”, explica Obino.

Em 2023, o Rio Grande do Sul registrou uma safra recorde, com 550 mil litros de azeite produzidos. Já em 2024 e 2025, a produção caiu para cerca de 190 mil litros, reflexo de perdas de até 70% causadas pela umidade e pelo excesso de chuvas. “O nosso grande desafio é a estabilidade produtiva”, ressalta. Para 2026, a expectativa é positiva. “Tivemos um inverno frio, boa floração e condições melhores, mas ainda não podemos falar em constância”, complementa.

Pesquisa e expansão do setor

Atualmente, 110 municípios gaúchos possuem cultivo de oliveiras, com maior concentração na metade sul do Estado. A região ainda busca as variedades mais adaptadas às condições climáticas locais, o que reforça a importância da pesquisa. “Estamos aprendendo, acertando e errando. Por isso, eventos como esse são fundamentais”, avalia o presidente do Ibraoliva.

O seminário contou com a participação do Conselho Oleícola Internacional e o anúncio de apoio financeiro do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) para pesquisas no Estado. Paralelamente, Bagé também recebeu o 6º Encontro Estadual da Olivicultura do Rio Grande do Sul e o 1º Seminário Nacional de Olivoturismo. A proposta é integrar produção, turismo e desenvolvimento econômico, estimulando novas fontes de renda para os produtores e fortalecendo a cadeia produtiva.

Hoje, apenas 1% do azeite consumido no Brasil é produzido no país, que figura como o segundo maior importador mundial do produto – cenário que, segundo Obino, abre uma grande oportunidade de expansão para o setor nacional.

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