Isolamento e desperdício

editorial

Isolamento e desperdício

Isolamento e desperdício
(Foto: Lucas Kurz)

Pelotas tem 21 vereadores. Destes, apenas sete compareceram ontem à reunião convocada pela Aliança Pelotas, com empresários de todas as frentes da cidade. Dois – Arthur Hallal e Cauê Fuhro Souto – ficaram apenas 16 minutos, pois tinham uma viagem para Brasília. Mas pelo menos foram, se justificaram e abriram as portas para o diálogo. Os demais – Michel Promove, Marcelo Bagé, Júnior Fox, Paulo Coitinho e Antônio Peixoto – permaneceram para ouvir o que o empresariado pelotense espera do Legislativo para o próximo ano.
Praticamente todo o PIB da cidade estava presente na Associação Comercial de Pelotas, com uma série de demandas, mas dois terços da Câmara de Vereadores achou coisa melhor para fazer durante o horário de almoço de uma segunda-feira. Todos receberam convites formais e ignoraram. É, acima de tudo, um diagnóstico bem claro de um grande problema da nossa cidade: a bolha em que grande parte do parlamento vive. Ao não abrir as portas para dialogar com o setor produtivo, o que esses 14 vereadores têm a dizer?

De nada adianta viver de corte para rede social, de falas verborrágicas na tribuna e de gritos sobre a necessidade de desenvolver a cidade quando não se tem vontade de ouvir quem gera emprego e renda. Quem aqui investe e aqui deixa impostos. Quem quer produzir por uma cidade melhor. E as demandas são muitas, e grande parte delas causadas justamente pela inoperância de políticos que, durante muito tempo, deixaram a cidade em segundo plano e optaram por olhar apenas para o que lhes interessa.

Por mais que haja discordância de ideias e modelos, o desenvolvimento se faz com diálogo, se faz com ideias em cima da mesa e com a escuta de diferentes versões e opiniões. Pelotas está muito, mas muito mesmo, longe de uma perfeição. Durante duas horas foram listadas demandas e caberiam tranquilamente mais diversas outras proposições. Sem união entre frentes, pouco vai avançar.

Se for olhar pelo copo meio cheio, boa parte da nova mesa diretora se fez presente, abriu portas para o diálogo e agendou encontros mensais com o empresariado pelotense. Com o ângulo do copo meio vazio, dois terços dos vereadores resolveram ignorar o convite e optaram por não se conectar com quem produz. O tempo vai dizer qual o resultado disso, mas certamente, do almoço oferecido pela Aliança Pelotas, restou um gosto amargo de decepção com a maior parte do parlamento.

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