Com a elevação das temperaturas, cresce também o número de incêndios registrados em Pelotas e região. Segundo o Corpo de Bombeiros de Pelotas, no último verão esse tipo de ocorrência representou mais de 35% dos atendimentos. O calor intenso, aliado à baixa umidade do ar e à negligência com cuidados básicos, forma um cenário propício para a propagação do fogo.
De acordo com o tenente Fabrício Madruga, comandante do Pelotão de Bombeiro Militar de Pelotas, o verão concentra historicamente a maior incidência de sinistros. Entre janeiro e dezembro de 2025, foram registradas 489 ocorrências, frente às 456 do mesmo período de 2024. “Podemos considerar que os números estão dentro do padrão esperado, embora se deseje sempre a redução desses indicadores”, explica.
Além disso, os incêndios em vegetação são uma preocupação crescente. As altas temperaturas aceleram a secagem da vegetação, o que facilita o alastramento das chamas. “Os números permanecem dentro do esperado, mas estimamos que possam crescer nos próximos meses de verão”, afirma Madruga.
Principais causas
Com mais de 30 anos de experiência na área, Paulo Lopes – diretor da Firelopes, empresa especializada em prevenção contra incêndio, e tenente da reserva do Corpo de Bombeiros – explica que a maior parte dos incêndios está ligada ao uso inadequado do sistema elétrico, instalações antigas, equipamentos utilizados de forma incorreta e o manuseio inadequado de produtos inflamáveis.
Também alerta para riscos adicionais, como velas, aquecedores, lareiras ecológicas e outros dispositivos de chama aberta. Outro ponto importante é o gás de cozinha que, em más condições, pode causar explosões.
Prevenção
Para o tenente Madruga, “o incêndio começa onde a prevenção falha”. Ele reforça que medidas de segurança atualizadas, equipamentos funcionais e equipes treinadas fazem diferença nos primeiros minutos do sinistro.
Lopes destaca que o primeiro passo é revisar a rede elétrica. Depois, é essencial garantir o armazenamento seguro de materiais combustíveis e manter extintores, sinalização e iluminação de emergência acessíveis e em dia.
Dentro de casa, é preciso ter atenção com aquecedores, velas e ferros de passar, que exigem supervisão constante. Sobre o gás de cozinha, Lopes orienta: “Mantenha válvula e mangueira dentro do prazo, deixe o botijão em área ventilada e, ao perceber cheiro de gás, ventile o local e estanque o vazamento”.
Para evitar incêndios em vegetação, os bombeiros recomendam não usar fogo na limpeza de terrenos, evitar fogueiras em áreas secas e nunca descartar bitucas de cigarro no chão. Também é importante descartar o lixo corretamente, evitando o acúmulo de materiais inflamáveis.
Contenção do fogo
Em qualquer suspeita de incêndio, ligar para o 193 é a primeira medida. “Conduza as pessoas a um local seguro, desligue a rede elétrica e só tente apagar o fogo se conseguir fazer isso com segurança”, orienta Lopes.
Madruga acrescenta que isolar o ambiente onde o incêndio começou – fechando portas, por exemplo – ajuda a retardar a propagação. No caso de incêndios em vegetação, a orientação até a chegada dos bombeiros, se possível fazer com segurança, é molhar a vegetação ainda não queimada na direção para a qual o fogo se propaga e limpar a vegetação adjacente.
