A safra de melancia 2025/2026 deve registrar um crescimento expressivo na região Sul do Estado. A região ampliou área plantada, atraiu novos produtores e se consolida como um dos polos mais relevantes do Estado. A avaliação é de técnicos da Emater/RS-Ascar, que acompanham a cultura em Pelotas, Rio Grande, Pedro Osório e Arroio Grande — municípios que sustentam o avanço regional.
Segundo o gerente regional da Emater/RS-Ascar de Pelotas, Ronaldo Clasen Maciel, a expansão já está confirmada. “Teremos um aumento na ordem de 10% a 15% na área plantada em relação à safra passada”, projeta. Na safra 2024/2025, a região cultivou 717,5 hectares; se mantido o ritmo de crescimento, a próxima safra pode ultrapassar os 825 hectares.
No total, a região de Pelotas, que abrange diversos municípios do extremo sul, reúne cerca de 70 produtores dedicados ao cultivo de melancia — entre pequenos, médios e grandes. A tendência é que o Sul do RS fortaleça sua posição entre os principais polos gaúchos, impulsionado pela produção crescente em Rio Grande, Arroio Grande, e Pedro Osório.
Em nível estadual, os números da safra também deverão ser maiores. O Rio Grande do Sul plantou 10.857 hectares de melancia na última safra, conforme dados do Censo Frutícola 2025 e do Informativo Conjuntural da Emater.
Clima deverá contribuir para safra
De acordo com Maciel, cerca de 60% das lavouras já estão implantadas e encontram-se em desenvolvimento vegetativo. A expectativa é positiva, especialmente porque os preços da última safra foram atrativos e estimularam o aumento do cultivo. “O mercado está aquecido. Se as condições climáticas forem favoráveis, teremos uma boa safra”, afirma.
A preocupação, no entanto, é o histórico recente de instabilidade. “Nos últimos cinco anos tivemos três estiagens, um ano normal e uma enchente. A falta de chuva é uma dificuldade constante”, destaca o gerente regional. O setor também enfrenta déficit de mão de obra especializada para colheita e carregamento — atividade que costuma ser suprida por trabalhadores de outros estados.
Rio Grande pode assumir liderança regional
A maior expansão prevista ocorre no município de Rio Grande. O extensionista rural da Emater Rio Grande, Rogério Soares da Silveira, do escritório local da Emater, estima que o plantio deve chegar a 280 hectares, podendo até ultrapassar esse número. “A expectativa é de aumento porque a cultura vem tendo êxito nos últimos anos. Isso incentiva quem já produz a ampliar as áreas e novos produtores a iniciar na atividade”, relata.
Segundo ele, 70% da área prevista no município já foi plantada, e a colheita deve iniciar entre o final de dezembro e o início de janeiro, estendendo-se até abril.
Com essa expansão, Rio Grande deve ultrapassar Arroio Grande (250 hectares) e Pedro Osório (190 hectares), tradicionalmente dois dos maiores produtores da região. O município pode assumir, já nesta safra, posição de destaque no ranking estadual.
Preços e mercado
Silveira explica que, por ser uma cultura altamente perecível, o grande desafio está na comercialização. “O produtor colhe e precisa vender rápido, senão perde o fruto. O mercado mais forte é o do Centro do país, que paga melhor para cargas fechadas”, afirma.
Os preços variam conforme o momento da safra. A média é de R$ 1,00 por quilo, podendo oscilar entre R$ 0,80 e R$ 1,20. Produtores maiores enviam carga direta para atacados, enquanto os pequenos abastecem fruteiras e mercados locais.
Tecnologia impulsiona produtividade
Entre as inovações citadas pelos integrantes da Emater estão uso de mudas pré-formadas, depois levadas ao campo; irrigação, fundamental para enfrentar estiagens; cultivares híbridas, de casca fina e maior teor de açúcar; aperfeiçoamento de manejo, com uso de insumos conforme a necessidade da planta.
A produtividade média na região é de 30 toneladas por hectare, podendo ultrapassar 40 t/ha em áreas tecnificadas.
