Na manhã desta terça-feira (2), o Hub de Execução e Inovação do Projeto Pescar, no Shopping Total, em Porto Alegre, reuniu educadores, ex-alunos, empresários e autoridades para o início das comemorações dos 50 anos do Projeto Pescar. A Hora do Sul acompanhou a coletiva de imprensa, marcada por discursos emocionados, números no telão e aplausos a cada anúncio.
Idealizado em 1976 pelo empresário Geraldo Linck, o Pescar nasceu dentro de uma empresa gaúcha com a proposta de “ensinar a pescar” a jovens em situação de vulnerabilidade. Meio século depois, a iniciativa se consolidou como fundação sem fins lucrativos e construiu uma rede nacional de formação socioprofissionalizante para adolescentes de 16 a 19 anos. “A gente começou com uma turma pequena dentro de uma empresa e hoje fala de uma rede que atravessa o Brasil. É uma história que nos orgulha e nos responsabiliza”, afirmou a presidente da Fundação Projeto Pescar, Adriana Loyferman.
Durante a apresentação, Adriana destacou que o projeto já formou mais de 41 mil jovens em cinco décadas. Só em 2025, são mais de 1,7 mil participantes em atividade, em turmas de formação social e de programa aprendiz. “Cada número desses é um rosto, uma família, uma trajetória que muda de direção”, disse. Atualmente, o Pescar está presente em 12 estados e 41 cidades, com 74 turmas em 66 empresas e instituições parceiras, além do hub em Porto Alegre. A rede é sustentada por 148 mantenedores e cerca de 800 voluntários, entre instrutores, gestores e colaboradores de empresas.
O foco, repetido nos discursos, não é apenas ensinar um ofício. Os cursos combinam conteúdos técnicos, ligados à realidade de cada empresa parceira, com um forte eixo de desenvolvimento humano. Os jovens, em geral, têm entre 16 e 19 anos e vivem em contexto de vulnerabilidade social, com renda familiar de até meio salário mínimo por pessoa. As atividades são gratuitas, com apoio para transporte, alimentação e uniforme, para que a questão financeira não impeça a participação. “A gente trabalha currículo, mas trabalha também a autoestima, cidadania e convivência. O jovem precisa se enxergar como sujeito de direitos antes de se enxergar como profissional”, resumiu uma educadora da rede durante o evento. Em 2025, 983 estudantes participam do formato social e 808 estão vinculados à modalidade aprendiz.
Futuro na região
Embora o encontro desta terça-feira aconteça na capital, a Fundação mira com atenção o interior. Entre as regiões citadas como estratégicas está a Zona Sul, especialmente o entorno da Lagoa dos Patos, com cidades como Pelotas, Rio Grande e São Lourenço do Sul. Nessas áreas, a combinação entre juventude, educação e trabalho se cruza com economias ligadas a porto, indústria, comércio, serviços e turismo. “A Zona Sul tem um potencial enorme, tanto de juventude quanto de empresas que podem ser parceiras. A nossa intenção é estar cada vez mais perto dessa realidade”, comentou Adriana, ao falar da interiorização do projeto. A meta anunciada é dobrar o número de jovens atendidos até 2027, o que passa por ampliar a rede de empresas e instituições parceiras também fora de Porto Alegre.
Histórias de evolução
Entre os presentes, ex-alunos subiram ao palco para contar suas trajetórias. Um deles lembrou que chegou ao projeto sem nunca ter feito uma entrevista de emprego. “Eu não sabia nem por onde começar. Aqui eu aprendi a me portar, a falar, a entender que eu podia ocupar um lugar dentro da empresa. Hoje trabalho registrado e ajudo em casa”, relatou Dani Ângelo Medina, sob aplausos da plateia.
A programação especial dos 50 anos inclui podcasts, exposição de fotos digitais, Prêmio Geraldo Linck, livro comemorativo, homenagens na Assembleia Legislativa e na Câmara de Porto Alegre, além de um jantar beneficente marcado para abril do ano que vem. A Fundação também reforça a campanha “Sou Pescar”, que estimula doações mensais, e o programa “Você Voluntário”, voltado a quem deseja atuar diretamente com os jovens. “É um convite para que mais gente se some a essa história, seja como empresa, seja como pessoa física”, destacou a presidente.
Ao final da cerimônia, depois dos agradecimentos formais, educadores puxaram a música tema do Projeto Pescar. Aos poucos, jovens, ex-alunos, representantes de empresas e convidados se levantaram para cantar e bater palmas, num coro que encerrou a manhã em clima de festa.
