A opinião pública e o recado aos vereadores

Opinião

Jarbas Tomaschewski

Jarbas Tomaschewski

Coordenador Editorial e de Projetos do A Hora do Sul

A opinião pública e o recado aos vereadores

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Costumamos ouvir que a opinião pública é a única “arma” que faz os políticos se movimentarem. É quando, de fato, eles escutam e dão razão ao que se mostra lógico. Vimos isso recentemente, quando a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado arquivou a proposta de emenda à Constituição (PEC 3/2021). Ela determinava que os parlamentares só poderiam ser processados com a autorização prévia da Câmara ou do Senado. A chamada PEC da Blindagem, após passar pela Câmara, gerou manifestações de repúdio em todo o país. A pressão da sociedade foi intensa e levou à retirada do texto da pauta.

Em Pelotas, a sociedade grita, a opinião pública cobra, e o Ministério Público faz apontamentos e indicações aos vereadores. Algo está errado na atual legislatura. Na postura, no comprometimento, na responsabilidade, no compromisso e na ética do dia a dia da Casa do Povo. Já escrevi aqui e repito: os vereadores não aceitam críticas, não admitem que erram e não negociam mudanças de pensamento. Nas suas bolhas e nas suas cabeças, fazem um trabalho de excelência.

Eles acreditam que pagar aluguel próximo de R$ 50 mil por mês e não resolver esse problema de décadas — adquirindo uma sede própria — é o certo.

Eles acreditam que elevar os salários a patamares exorbitantes, fora da realidade local, é justo.

Eles acreditam que gerir recursos públicos por meio de emendas impositivas é um direito.

Eles acreditam que fazer vídeos de lacração para o Instagram é fiscalizar.

Eles acreditam que dividir o mundo em dois lados é exercer o poder.

Eles acreditam…

O Ministério Público, para a sorte de Pelotas, pensa diferente em muitos aspectos e cumpre o seu papel. Os parlamentares vêm sendo alertados e cobrados por deixarem de agir como se espera deles.

Como em qualquer cenário onde existem várias cabeças pensantes unidas em torno de um ideal, a minoria (algumas vezes, a maioria) paga pelo contexto geral. Sim, o Legislativo pelotense possui vereadores preocupados em se descolar desse modelo de política errática predominante. Mas acabam quase sufocados no clima hoje instaurado no palco da política. Não são vistos, pouco aparecem e quase não falam nas sessões. Trabalham em silêncio, são coadjuvantes. É uma escolha, que não deixa de ser ruim, pois poderiam ser também protagonistas.

A opinião pública tenta, há um bom tempo, passar seu recado à Câmara de Vereadores: vocês precisam mudar urgentemente, está ruim. Poucos são os que já perceberam essa mensagem. Perde a cidade, perde o parlamento. Em qualidade e em capacidade de formar novos líderes.

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