Com pouco mais de um mês para o Natal, o movimento em lojas de acessórios decorativos e até supermercados é intenso. Consumidores buscam novidades do mercado e mimos para acrescentar na árvore do ano passado. Para quem acredita na magia do Natal, decorar a casa é sinal de esperança e renovação. Na outra ponta, os comerciantes se inspiram nas grandes feiras de varejo para oferecer produtos que enchem os olhos e atraem cada vez mais compradores. No comércio da cidade, artigos natalinos podem variar de R$ 5,00 a R$ 900,00, dependendo do tamanho da árvore, um dos itens mais procurados. Entre pequenos enfeites e grandes borboletas em LED, a dica é usar criatividade para montar a decoração.
A prática de enfeitar a casa, que movimenta o varejo local, também tem ligação com aspectos emocionais. Segundo a psicóloga Marciara Oliveira Centeno, o ato de decorar é muitas vezes uma forma simbólica de reorganizar memórias, expectativas e sentimentos que emergem no fim do ano. “Quando montamos a árvore, acendemos as luzes e escolhemos as cores, estamos fazendo muito mais do que enfeitar. Estamos criando um ambiente que conversa com o que sentimos. A casa é uma extensão do nosso psiquismo”, afirma. Para ela, o Natal ativa a “criança interior” de cada pessoa, o que pode gerar alegria, nostalgia ou introspecção, dependendo das vivências.
Esse aspecto afetivo aparece na fala da técnica de enfermagem Paula Gabriela Botelho, 44 anos, que neste ano retoma a decoração natalina após um período de luto. “Em 2023 não tivemos Natal em casa porque perdi meu pai. No ano passado voltamos um pouco, por causa da minha filha, e agora estamos retomando de vez”, conta. Mesmo preferindo o tradicional, verde, vermelho e dourado, Paula diz que as vitrines a encantam. “Adoro ver as novidades. É bonito, chama atenção.”
Inspiração
No comércio, essa busca afetiva encontra oferta variada. Proprietária da Universal Flores, há 30 anos em Pelotas, Maria Pereira da Silva, 58 anos, percebe o encantamento dos clientes. “Todo mundo que passa para e entra. A vitrine virou um convite”, afirma. Para atender às tendências, ela visita feiras em São Paulo e aposta em peças diferenciadas. “Investi em itens mais elegantes, bem acabados. Temos árvores de várias cores, duendes, bonecos, flores e as borboletas de LED, que dão um visual lindo.” Mesmo assim, observa que muitos consumidores ainda priorizam o básico.
A empresária defende que as famílias antecipem a decoração para viver mais intensamente o clima de fim de ano, ideia que dialoga com a explicação da psicóloga. “É uma forma de prolongar esse sentimento de união”, comenta. Marciara reforça: “Uma decoração bonita pode ser quase como dizer ‘eu te amo’ para quem vai compartilhar aquele momento. É uma maneira de expressar afeto quando às vezes as palavras não dão conta”.
Entre os clientes que circulavam pela loja, o clima de encantamento era evidente. A aposentada Ivete Moreira Gulati, 65 anos, passou para escolher um enfeite para a porta. “Gosto muito de decorar e achei tudo muito bonito”, disse.
Mercado aquecido
Segundo o Sindicato dos Lojistas de Pelotas (Sindilojas), o segmento de artigos natalinos tem grande potencial nesta época. “A venda é bem significativa, pois lares, empresas e até espaços públicos consomem muitos artigos”, afirma o presidente Renzo Antonioli. Ele avalia que, por serem poucas as lojas especializadas, a fatia de mercado para quem trabalha com esse nicho é consistente. Contudo, a concorrência digital cresce. “As vendas online avançam na mesma proporção e retiram parte do faturamento do varejo físico.”
O comportamento dos consumidores, impulsionado por lembranças, rituais familiares e pela necessidade emocional de preparar a casa, também contribui para aquecer o comércio. Para a psicóloga Marciara, isso é natural: “O fim do ano convoca nossas memórias afetivas. Algumas pessoas vivem isso com alegria; outras, com saudade. O importante é não idealizar uma festa perfeita, mas buscar o sentido interno do Natal.”
