Marcos Paraná precisou disputar apenas dois clássicos Bra-Pel na carreira para deixar seu nome gravado na história do lado rubro-negro. O ex-meia marcou um gol de fora da área em cada duelo contra o Pelotas pela Copa Hélio Dourado em 2012. O segundo deles decidiu a vitória do Brasil por 1 a 0 após uma semana turbulenta marcada por discussão com o técnico Rogério Zimmermann.
Quem conta essa história é o próprio Paraná, em entrevista à Rádio Pelotense 99,5 FM. De maneira descontraída, ele relembra que tudo começou em um treino de finalizações na quarta-feira prévia ao jogo, marcado para 23 de setembro daquele ano. Zimmermann pediu para os atletas apenas darem o chamado chute “de chapa”, sem tanta força. O jogador quis “soltar o pé” e, na terceira vez, recebeu a ordem de deixar a atividade.
“Ele me descascou na frente da rapaziada, eu rebati. Errei, claro, não deveria ter rebatido, mas ele não precisava ter falado aquilo. A gente discutiu meio feio. O Lúcio Collet [gerente de futebol] me tirou do treino. Desci e fui embora para casa. No outro dia tinha treino e quando cheguei para pegar o material, não tinha”, recorda Marcos Paraná, que retornou a Porto Alegre, onde residia.
Paraná retornou a Pelotas naquela sexta-feira para fazer as pazes e se desculpar com os colegas a pedido de Zimmermann. Mas o treinador não o incluiu na lista de relacionados. “Saiu a relação do jogo e ele não me levou. Aí chutei o balde. Fui embora e falei que não viria mais. Às seis horas, me ligaram para ir concentrar. Os caras estavam concentrados desde o meio-dia”, rememora.
Com a camisa 17, Marcos Paraná substituiu Wender no intervalo e acertou uma pancada aos 23 minutos da etapa final para garantir o triunfo do Xavante. Em agosto, ele havia feito outro golaço sobre o Pelotas, mas na Boca do Lobo, em empate por 2 a 2. O Brasil acabaria vice-campeão, superado pelo Juventude. O meia não ficou para 2013 e retornou três anos mais tarde para participar de mais momentos icônicos da história rubro-negra.
Interesse de retornar
Aposentado desde 2022, Marcos Paraná está com 39 anos e mora em Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná. Lá, inaugurou um complexo esportivo e uma escola de futebol que levam seu nome. O ex-jogador tirou a Licença B da CBF para ser treinador. Já foi auxiliar técnico do Clube Esportivo União, da cidade onde vive, e nesta temporada guiou a categoria sub-20 do time à primeira divisão estadual.
Sobre o futuro, ele não esconde o desejo de retornar ao Brasil, sem especificar uma função. “Sei o que fizeram para dar certo. É com o tempo. Se não for da vontade de Deus, o carinho e o respeito vão continuar os mesmos de sempre”.
A respeito do Bra-Pel deste domingo (2), Paraná deixa um recado aos atletas rubro-negros com base no que experimentou. “Se o cara não se motivar ali, vai estudar, vai carpir um lote, fazer outra coisa, porque tu está vendo milhares de pessoas gritando, apoiando, como não vai se dedicar, dar um carrinho, jogar o seu melhor futebol? É inexplicável”.