O pelotense Rafael Soares, 31, vive a última semana de preparação antes de participar da quinta edição da Vaca Backyard Ultra. O evento começa às 21h da próxima sexta-feira (31) em Porto Alegre e não tem previsão de encerramento. O ganhador é o atleta que realizar mais voltas de 6,7 quilômetros em intervalos de uma hora. Quem vencer garante vaga na seleção brasileira para o Mundial por equipes em agosto de 2026, nos Estados Unidos.
Participar de uma prova como essa não é novidade para Rafael. Em abril, ele quebrou o recorde brasileiro da ultramaratona backyard ao se sagrar campeão da Até Cair as Pernas, realizada na chácara IBRC, colônia Santa Isabel, 3º distrito de Pelotas. O atleta completou 54 voltas, totalizando 361,8 quilômetros entre a manhã de 12 de abril e a tarde do dia 14. A Vaca, porém, tem características diferentes.
“Essa prova é bem desafiadora. O nível de altimetria é bem maior. Não tem uma tendência de durar várias voltas. A Vaca já é a quinta edição, então é antiga, uma das pioneiras da modalidade no Brasil. Esse ano ela tem um código diferente, passou a ser nível prata [nota: valendo vaga em campeonato nacional em 2026]”, explicou Rafael em entrevista à Rádio Pelotense 99,5 FM.
A sede da Vaca é um sítio no bairro Lami, afastado do centro da capital gaúcha. O recorde atual da prova é de 18 voltas, e o pelotense espera chegar a pelo menos 20. A melhor marca de um brasileiro, que até então era de Rafael, foi quebrada nesta semana pelo gaúcho Geovane Griesang, de Venâncio Aires, no Mundial individual em Tennesse, nos Estados Unidos: 55 voltas. O recordista mundial passou das cem.
Adaptações para segunda experiência
O formato da ultramaratona backyard permite pausas rápidas. As voltas começam em horários cheios. Se o atleta terminar uma delas em 45 minutos, por exemplo, fica com 15 minutos para recuperação. Sobre o consumo de nutrientes durante a prova, Rafael diz que nas três primeiras voltas apenas bebeu água e, pouco a pouco, passou a usar carbogel (suplemento com carboidratos de rápida absorção), energético, café e cápsula de sal.
Nos seis meses que se passaram desde a primeira ultramaratona backyard da qual participou, Rafael Soares fez adaptações para melhorar a preparação, incluindo a orientação de nutricionista. Horas após o fim da prova em abril, foi passar por um check-up para identificar e repor os nutrientes perdidos durante o evento. O saldo acabou sendo nove dias no hospital. “Meu corpo travou. Fui direto para o Pronto Socorro”, conta.
O nível de creatinofosfoquinase (CPK) estava muito acima do normal e o atleta precisou ser internado na UTI. “Até então eu não sabia qual era meu limite. Quando vi a modalidade da backyard, que eu não conhecia, e soube que teria uma prova na cidade, seria hora de me desafiar. A ideia inicial era correr 20 horas. Me preparei para 20 horas. Levei mantimentos para isso”, explica sobre a expectativa para a primeira experiência.
Cinco anos de corrida
O atleta pelotense acumulava 1.654 dias seguidos com a corrida incluída na rotina. Isso só mudou em função da internação e, no dia da alta, já retomou o hábito iniciado em 2020 e agora soma 166 dias consecutivos de atividade. Profissional da educação física, o pelotense acorda às 3h30min e sai para correr às 4h. Duas horas depois, inicia expediente em academias.
Para competir na Vaca, Rafael organizou uma rifa. O número custa R$ 5 e serão sorteados na próxima quarta-feira quatro prêmios: um liquidificador; duas camisetas do grupo de corridas Rafa Runs, administrado por ele; e um produto Natura. O contato é possível pelo Instagram @rafaruns001 ou @rfsoares01.
