Conab projeta safra recorde no RS, mas Zona Sul mantêm cautela

levantamento

Conab projeta safra recorde no RS, mas Zona Sul mantêm cautela

Com expectativa de 40,9 milhões de toneladas de grãos, Estado pode ter colheita histórica em 2025/26, caso o clima colabore

Por

Atualizado quarta-feira,
15 de Outubro de 2025 às 17:23

Conab projeta safra recorde no RS, mas Zona Sul mantêm cautela
Segundo o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Rio Grande do Sul pode colher um recorde de 40,9 milhões de toneladas de grãos (Foto: Luiz Henrique Magnante/Embrapa)

O agronegócio gaúcho começa a safra 2025/26 com uma projeção histórica. Segundo o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Rio Grande do Sul pode colher um recorde de 40,9 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 13,7% em relação ao ciclo anterior. O número, que depende de condições climáticas favoráveis, posicionaria o Estado como o terceiro maior produtor do Brasil.

O entusiasmo dos números, porém, contrasta com a realidade do campo na Zona Sul. Conforme o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, referente à semana de 6 a 12 de outubro, o plantio recém começou na região. Os produtores iniciam o ciclo com cautela, atentos ao comportamento do clima e às condições de mercado.

A soja é a grande estrela da projeção estadual. A Conab aponta expectativa de crescimento de 34,9% na produção do grão, superando as perdas recentes. A região Sul planeja cultivar mais de 515 mil hectares, mas o plantio ainda é inicial: 1% da área foi semeada. No momento, os produtores realizam a dessecação de áreas, a correção do solo com calcário e a aquisição de insumos.

Milho: redução para grão, aumento para silagem

O RS é o maior produtor de milho da 1ª safra no país. Localmente, no entanto, o cenário é de estratégia. A área destinada ao milho grão deve ter uma redução de 9% na região, reflexo da dificuldade de comercialização no início do ano, por conta do foco na soja. Por outro lado, a área para silagem deve crescer 26,54%, atendendo à demanda da pecuária. Atualmente, 6% da área total de milho já foi semeada na região.

Arroz: liderança com preços que preocupam

O Estado segue como líder nacional na produção de arroz, mas a Conab prevê uma queda na produção e na área plantada, motivada pelos preços baixos. Essa preocupação reflete na Zona Sul. Embora o plantio esteja avançado, com 61% da área de 170 mil hectares já semeada, os produtores estão apreensivos. O informativo da Emater destaca:  “grande preocupação com as novas reduções nos preços pagos ao produtor, que não cobrem o custo de produção”. Em Pelotas, a saca de 50 kg foi cotada em R$ 61,17.

Culturas de inverno e feijão

Para o trigo, a colheita já começou na região, com 5% da área ceifada e produtividade inicial considerada boa, na casa de 2.770 kg/ha. A área plantada foi menor este ano, em parte pela decisão de muitos produtores de investir na pecuária de corte, que apresentou melhor retorno financeiro.

No feijão, a semeadura atinge 25% da área prevista. A expectativa regional, no entanto, é de uma redução de 13,42% na área cultivada em comparação com a safra passada, com o cultivo se concentrando em pequenas propriedades para consumo familiar e venda em mercados locais.

O fator clima

O presidente da Conab, Edegar Pretto, ressalta que o sucesso da safra dependerá da “estabilidade do clima nos próximos meses”. O relatório da Emater ilustra essa dependência: a última semana na região teve grande variação de temperatura, chuvas providenciais para as pastagens, mas também ventos fortes e granizo em pontos isolados.

Otimismo e cautela

O cenário de um otimismo projetado em larga escala encontra no campo um produtor estratégico. Para o engenheiro-agrônomo da Emater-RS, Evair Ehlert, a projeção da Conab, se confirmada, representará o equilíbrio de contas para o produtor gaúcho. “Que estejam certos os prognósticos do presidente da Conab”, deseja.

Acompanhe
nossas
redes sociais