Já é outubro. A mudança de mês para muitas pessoas é significativa por misticismo ou datas especiais. Para a Zona Sul, é mais uma página do calendário arrancada e a data do fim da concessão do Polo Rodoviário à Ecovias Sul se aproximando. O que é comemorado por muitos, mas temido por tantos outros que estão conscientes do cenário que se avizinha. Faltam agora cinco meses e, ao longo de setembro, praticamente nada aconteceu. O governo federal segue agindo como se houvesse todo o tempo do mundo e não há nenhum sinal da próxima concessão. Ao que tudo indica, as cancelas serão levantadas, o Dnit vai administrar os trechos e as rodovias ficarão praticamente à própria sorte em tantas frentes.
É preciso refletir sobre os impactos que serão sentidos na região. Em um primeiro momento, a avaliação simplista nota apenas o fim do pagamento do valor – que é exagerado e nunca deveria ter chegado a tal patamar. No entanto, há muito mais pela frente. É visível que o Dnit não consegue manter um padrão de qualidade do mesmo nível – basta passar de Camaquã e ver, na prática, a diferença da qualidade do asfalto, da sinalização e tudo mais. Muito além disso, cidades vão deixar de arrecadar impostos e, o principal de tudo: serviços fundamentais, como balança, guincho e ambulância ficarão a cargo dos municípios.
A demora para mais uma concessão leva ao debate sobre prorrogação ou não do atual contrato, tema que infelizmente foi mais uma vez contaminado por um debate cego, sem colocar na balança os fatores fundamentais para a Zona Sul. O principal ponto, sem dúvidas, é ter uma tarifa mais justa. Isso não pode se abrir mão, sob hipótese alguma. Na sequência, deve-se prezar pela qualidade e segurança viária, que são essenciais para a própria competitividade da região e para dar tranquilidade a quem trafega.
É preciso amadurecer essa discussão e enfrentar o tema com a seriedade e o zelo que a região merece. E é preciso apertar o governo federal para que se mexa. Afinal, o relógio segue andando e não há absolutamente nada definido sobre a próxima concessão. Quantos anos ficaremos sem administração? E como estará o cenário das rodovias quando ela vir? E quais as chances de isso acarretar uma tarifa altíssima devido à necessidade agregada de manutenção a partir de anos de abandono? O cenário tem que ser visto por todos os ângulos e com toda a agilidade possível.