O empresário Jorge Gerdau Johannpeter passou por Pelotas na última quinta-feira, durante a edição do Rota Fiergs na Zona Sul. Na palestra A Busca: os aprendizados de uma jornada de inquietação e realizações, aquele que ocupa posição de destaque na lista dos maiores nomes do empreendedorismo brasileiro, aos 88 anos de idade, deixou lições valiosas a quem acredita que já aprendeu o suficiente.
Gerdau criticou os empresários por não se envolverem com a política e por se afastarem do ambiente onde as decisões são tomadas. Preciso. Estamos próximos de ingressar no ano eleitoral e de definirmos, mais uma vez, quem irá tomar decisões por nós até 2030. De certa forma, ele reforçou a entrevista do presidente da Suzano – gigante do papel e da celulose –, Walter Schalka, em 2022: os empresários, fazedores de planos para suas companhias, devem sim opinar sobre as decisões de rumo para o país, disse o executivo naquele momento.
Gerdau nunca fugiu da política. Participou, ao lado de outros notáveis, do Conselho de Desenvolvimento Econômico, o famoso Conselhão, no primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Tentou ajudar e trabalhou dentro de um dos principais objetivos do órgão – estabelecer práticas de boa gestão na máquina pública. Distanciou-se e criticou as estratégias econômicas para o país. Mesmo com experiências não tão positivas, nunca se esquivou. E repetiu em Pelotas aquilo em que acredita: quem trabalha para fazer a economia do país girar deve viver a política. Não necessariamente concorrer ou ocupar cargos, mas acompanhar, ter espaço de voz, cobrar e saber onde e por que as decisões são tomadas.
O silêncio registrado pela plateia durante sua palestra no Dunas Clube foi respeitoso. Impossível perder as palavras e lições de quem nunca esqueceu os valores mais importantes para alcançar o sucesso. Até nisso ele surpreendeu:
– Respeito e amor.
Compreender a importância de cada colaborador e ser um apaixonado pelo que se faz. O restante vem junto no pacote básico das gestões. “Quanto maior o desafio, mais temos que nos capacitar”, declarou Gerdau, ao sacudir novamente o público com a definição do óbvio (que muitas vezes acabamos ignorando): o conhecimento é o principal investimento que alguém pode fazer. É possível perder tudo na vida, menos as construções pessoais e profissionais.
E, para quem ainda esperava uma opinião sobre o futuro, ele não se esquivou:
– O momento atual do país é tremendamente difícil. Eu não tenho segurança de como vamos estar no primeiro trimestre do ano que vem. As inquietações globais complicam nosso cenário nacional.
Também não deixou de ser otimista ao seu jeito:
– Se todo mundo começa a puxar para trás, o país não anda.
Jorge Gerdau Johannpeter vê a vida como viu aqueles com quem fez negócios ao longo do tempo. Sempre certeiro:
– Terceiriza tudo, menos a relação com o teu cliente. O sucesso maior é a felicidade dele.