Populismo digital

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Populismo digital

Populismo digital
(Foto: Official White House)

A falta de compreensão das ações de Donald Trump na relação com o Brasil escancaram um novo modo de fazer política, menos amarrado aos ritos históricos e mais impulsionado por um populismo de internet. As decisões de hoje já não se encaixam mais nas caixinhas em que costumávamos colocar as ideologias e visões políticas, mas sim em uma lógica de engajamento, vitória pessoal e aceitação das suas bases. Talvez por isso, a própria análise política de tudo o que vem acontecendo esteja tão complexa: se faz um relacionamento diferente de tudo o que a literatura e a história nos entregam.

O movimento não é exclusivo de Donald Trump, embora ele talvez seja o maior expoente global desse novo momento da política. Se vê até nas nossas próprias Câmaras de Vereadores este cenário. O preto e branco de encaixar alguém como liberal ou conservador, de esquerda ou de direita, lulista ou bolsonarista, já não é mais tão simples. Se vê político de partido da base sendo opositor ferrenho, se vê representante da oposição afagando constantemente governos e a previsibilidade deixa de ser um cenário.

Obviamente isso confunde imprensa, analistas e até especialistas, mas é realmente um movimento natural de uma sociedade cada vez mais líquida e que busca por um engajamento digital que foge dos padrões de relacionamento com o qual nos acostumamos, mesmo fora da política. Esse engajamento de bases barulhentas, que muitas vezes não se refletem na realidade, é eficaz para angariar capital. O corte para o Instagram virou uma ferramenta essencial para fazer política.

E isso é visto em discursos cada vez mais esvaziados e aleatórios, em posturas que nada convergem com os temas atuais ou necessários, ou mesmo provocações para gerar tumulto e tudo descambar para um corte perfeito que vai render algumas centenas de comentários. Há políticos com enorme engajamento e pouquíssima participação efetiva na tomada de decisões, com raras ações efetivas a nível global. Mas isso realmente importa? As bases têm certeza que eles trabalham, afinal, são dezenas de storys e tweets por dia.

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