O Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora em Pelotas, iniciativa que oferece um lar temporário para crianças e adolescentes afastadas de suas famílias de origem, busca ampliação de voluntários. Atualmente, 53 crianças em abrigos de Pelotas aguardam a chance de viver em um ambiente familiar. O serviço, de caráter federal, atende crianças e adolescentes de 0 a 18 anos, proporcionando um ambiente familiar temporário até que a situação jurídica seja definida, seja o retorno à família biológica ou extensa, ou o encaminhamento para adoção.
Treze famílias acolhedoras em Pelotas cuidam de 19 crianças. “Esse número varia bastante, porque vão para adoção, outras entram no programa, então está sempre oscilando. Nós já tivemos mais de 30 crianças acolhidas e já passaram pelo programa mais de 300 crianças”, detalha Mariângela Sposito, indicando que aproximadamente metade retorna à família de origem e a outra metade é encaminhada para adoção.
A coordenadora destaca que o diferencial do acolhimento familiar é o cuidado individualizado, que abrigos institucionais não conseguem oferecer na mesma medida. “A criança tem uma família, participa da família, passeia, recebe carinho exclusivo só para ela. Eu sempre digo que a gente recebeu crianças que não conheciam a praia, que não tinham ido a um shopping, que não tinham hábitos de higiene, que não sabiam comer com talheres, isso faz toda a diferença. Crianças que não sorriam, crianças que eram tristes por toda uma história de vida e que no acolhimento familiar tem todo aquele cuidado, aquela dedicação.”
Exemplo na pele
Izabele Nogueira, que passou sete anos em acolhimento familiar, relata os ganhos com a experiência.
Ela relata que a oportunidade de viver em uma família, inicialmente com dois irmãos, impactou sua vida. “Lá para mim foi tipo minha família de sangue mesmo, passei bastante tempo lá, sete anos, me adaptei com eles. Criei um vínculo muito forte com ela, que é minha mãe, considero minha mãe de coração”, expressou.
A jovem também menciona as novas experiências que o acolhimento lhe proporcionou: “Quando eu entrei lá, eu realmente não sabia onde era o Centro, eu realmente não conhecia muitos lugares aqui de Pelotas, fui para Santa Catarina, conheci 12 praias, fui no Beto Carrero, conheci vários lugares incríveis”.
Ainda que casos como o de Izabele sejam considerados excepcionais devido à longa permanência, ela teve a oportunidade de ser adotada, mas optou por continuar com sua família acolhedora. “Teve já um pessoal de São Paulo que queria me adotar e eu não quis ir, eu quis ficar”, revela. Mariângela confirma que Izabele, que completa 18 anos em dezembro, permanecerá com sua acolhedora, Adriane, que mantém vínculos com todas as crianças que já acolheu.
Com planos de concluir o Ensino Médio e cursar uma faculdade, Izabele expressa o desejo de, no futuro, também acolher uma criança. “Eu pretendo um dia acolher uma criança. Eu já tive no lugar dele, eu sei como é que é estar ali, entendeu? E aí eu quero dar essa chance pra criança, chance que talvez outras crianças não vão ter,” declarou Izabele, que atualmente é jovem aprendiz na Biblioteca Pública.
O processo de acolhimento
Para se tornarem famílias acolhedoras, os interessados devem contatar o serviço para passar por entrevistas, visitas domiciliares, dinâmicas de grupo e capacitação. “A gente pede que as pessoas entrem em contato pelo nosso WhatsApp ou nos procurem na sede do programa, que é na Cassiano 151”, destaca Mariângela.
As famílias recebem uma ajuda de custo de um salário mínimo por criança e podem acolher até duas crianças de famílias distintas ou um grupo de irmãos, com a possibilidade de indicar o perfil desejado. O termo de guarda provisória garante à família os direitos e responsabilidades sobre a criança durante o período de acolhimento.
A secretária de Assistência Social de Pelotas, Raquel Nebel, e a coordenadora Mariângela apontaram a dificuldade em atrair novas famílias, atribuindo-a ao desconhecimento e à confusão do serviço com a adoção. “Apesar do serviço já ter oito anos, a gente tem dificuldade na captação dessas famílias. Pelo desconhecimento do que é, as pessoas confundem com o apoderamento, confundem com a adoção,” explica Mariângela. No entanto, a gestão tem intensificado a busca por meio de divulgação. A implementação da guarda subsidiada, prevista para este ano, permitirá que famílias extensas acolham com apoio municipal, buscando ampliar a rede de apoio.
Opções
Para aqueles que não podem acolher integralmente, existe o Programa de Apadrinhamento Afetivo, que permite apoiar crianças em instituições, oferecendo atenção e afeto.
Para mais informações sobre o Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora ou Apadrinhamento Afetivo em Pelotas, o contato ocorre pelo WhatsApp: 53 3199-0331 ou em visita à sede na Rua Cassiano, 151.