Com o objetivo de identificar oportunidades para acelerar o desenvolvimento da metade sul do Estado, o painel Pensar Negócios, evento mensal promovido pelo jornal A Hora do Sul, recebeu na noite da última quinta-feira (1º) os convidados Cristiano Klinger, presidente da Portos RS, Antônio Carlos Bacchieri, vice-presidente de Infraestrutura da Federasul, e Wesley Puygcerver, gerente do Aeroporto de Pelotas. O tema do encontro foi a logística como fator de desenvolvimento regional.
De forma unânime, os três convidados destacaram que a integração entre os modais de transporte é o fator mais importante para promover o crescimento econômico. Conforme Klinger, a atividade portuária, por exemplo, não consegue operar de forma isolada. “Para aumentar nossa competitividade, é preciso pensar em soluções integradas”, afirmou.
Klinger citou diversos gargalos na infraestrutura, como a possibilidade de uma rodovia ficar sem manutenção em função do fim da concessão de pedágio, além da malha ferroviária deficitária. Segundo ele, o Porto de Rio Grande tem ampliado constantemente seu volume de movimentação, com praticamente todos os produtos chegando via rodovia.
Já Puygcerver destacou o bom desempenho do Aeroporto de Pelotas, que opera acima da média nacional. As companhias aéreas Azul e Gol têm registrado ocupação próxima a 90% nos voos. No entanto, devido à crise enfrentada pelas empresas do setor, não há previsão de ampliação das rotas no curto prazo.
Entre as obras consideradas fundamentais para o desenvolvimento regional, Bacchieri acredita que a construção da ponte entre Rio Grande e São José do Norte é mais relevante até do que a finalização do lote 4 da BR-392. “A ponte dará uma segunda opção de acesso à metade norte do Estado e ao restante do país. Além disso, contribuirá para o desenvolvimento de uma região estagnada, oferecendo condições para a instalação de novas empresas”, defendeu.
Bacia de Pelotas
Segundo Puygcerver, Pelotas é uma das cidades com maior potencial para receber a operação da Petrobras voltada à exploração da Bacia de Pelotas, área localizada na costa sul do Brasil, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Representantes da estatal já consultaram o aeroporto da cidade para avaliar as possibilidades logísticas de deslocamento.
Klinger complementou que a área portuária de Rio Grande será estratégica para atender às operações da indústria offshore, devido à profundidade do calado exigida pelas embarcações especializadas. Os portos da região, segundo ele, estão se mobilizando para atender às demandas de infraestrutura terrestre e marítima ligadas à cadeia offshore. Os projetos de energia eólica no mar também devem impulsionar a demanda por estruturas adequadas.
“Novas indústrias com grande potencial devem utilizar a região para a instalação e manutenção desses parques”, afirmou Klinger, destacando que Pelotas e os demais municípios da Zona Sul têm papel relevante nesse novo cenário econômico e logístico.
Futuro da região
Puygcerver avalia que o futuro da aviação regional é promissor. A catástrofe climática de 2024 evidenciou o quanto o Estado depende do aeroporto da capital. “Ficou difícil sair do Estado. Em Pelotas, o aeroporto ficou saturado, já que parte dos voos foi direcionada para cá”, relembrou. Segundo ele, o período emergencial ajudou a revelar o potencial da aviação regional. “Mesmo após o fim da emergência, conseguimos manter os voos para São Paulo”, destacou.
Para Bacchieri, o futuro da região depende da união em torno de propósitos comuns, especialmente na definição de prioridades que dependem de recursos públicos. “Essa união precisa ter mentalidade e foco. Aliança Pelotas e Aliança Rio Grande, por exemplo, estão juntas na luta pelo lote 4 e pela ponte entre São José do Norte e Rio Grande”, exemplificou.
Klinger finalizou reforçando a importância da dragagem do canal de Rio Grande, considerada essencial para atrair investimentos. “Nunca vimos obras dessa magnitude sendo feitas com recursos próprios. Essa infraestrutura garante que o navio possa vir com segurança e que a carga acesse Rio Grande com eficiência”, concluiu.