O Ranking do Saneamento divulgado pelo Instituto Trata Brasil revela que Pelotas subiu três posições de 2024 para 2025, passando da 81ª posição para a 78ª entre os cem maiores municípios do país.
O levantamento aponta que o atendimento de água chega a 96,48% da população, enquanto o atendimento total de esgoto chega a 81,3%. O indicador de tratamento de esgoto mostra uma cobertura de 17,83% – o índice não leva em conta a ETE Novo Mundo.
O ranking também mostra dados sobre a quantidade de água produzida que é efetivamente consumida nas residências. Segundo o levantamento, 43,58% da água tratada é perdida na distribuição. Neste índice, Pelotas está na 73ª colocação. Por cada ligação de água ativa, são 414 litros perdidos por dia.
Apesar da posição negativa, Pelotas aparece na 17ª colocação em investimento médio per capita, entre 2019 e 2023, com o investimento de R$ 55,39 por habitante.
A 17ª edição do Ranking do Saneamento utiliza os indicadores mais recentes do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa), publicado pelo Ministério das Cidades, com base no ano de 2023.
Na comparação com os outros municípios gaúchos incluídos no levantamento, Pelotas ocupa a última posição, atrás de Porto Alegre (49ª), Caxias do Sul (51ª) e Canoas (67ª).
Piora em indicadores
Apesar da melhora no ranking nacional, os indicadores de Pelotas tiveram uma redução na comparação com a edição do ano passado. No ranking de 2024, Pelotas tinha 99,49% de atendimento de água, 68,5% de coleta de esgoto e 21,96% de tratamento de esgoto. A mudança é explicada pelos novos dados populacionais revelados pelo Censo do IBGE, que alteraram a base do cálculo.
Dados não levam em conta nova ETE
Os dados apontados pelo Instituto Trata Brasil ainda não levam em conta a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Novo Mundo, inaugurada recentemente, que ampliou o índice para cerca de 40%. A ETE atende a zona norte de Pelotas, cobrindo os bairros das Três Vendas até o fim da avenida Fernando Osório, como Lindoia, Santa Terezinha e parte do Sítio Floresta.
O diretor-presidente do Sanep, Ellemar Wojahn, destaca que essa melhoria só deve ser computada no próximo ranking. “Não houve uma grande variação, nem poderia haver, mas, seguramente, no ano que vem, esses dados do tratamento de esgoto e possivelmente teremos uma melhora nesse indicador”, afirma.
“Esperamos que haja uma melhoria. Um conjunto de índices é levado em conta. Pelotas vai muito bem no abastecimento de água, em que atingimos 99% da população, mas precisamos avançar na coleta, no tratamento de esgotos e na redução de perdas”, reconhece Wojahn.
Esgoto a céu aberto traz preocupação
A avenida Cidade de Rio Grande, no bairro Fátima, fica a poucos minutos do centro de Pelotas. Além das ruas não pavimentadas e esburacadas, o lado esquerdo da via é marcado pelo acúmulo de lixo e por uma grande valeta, que acumula água da chuva e do esgoto de residências próximas.
Francisco Sanches, de 73 anos, morou no local por mais de 10 anos. Ele relata que o problema é histórico. “Eu vejo isso como uma questão um pouco da administração e um pouco do povo, que despeja lixo aqui na frente”, diz. “Sempre foi assim, é uma vergonha. É um transtorno total para as pessoas, querem prevenir a dengue e os mosquitos, mas de que adianta com isso tudo sujo?”, questiona.
O anúncio de construção de duas novas ETEs, a Engenho e a Simões Lopes, trouxe a expectativa de que a situação melhore. “Essa é a esperança de todos os moradores, a melhora. Vamos ver o que vai proporcionar de bom”, afirmou Sanches.
Cenário nacional
Apesar de uma melhoria no cenário local, as estatísticas divulgadas pelo ranking mostram uma piora nos resultados nacionais em razão dos novos dados populacionais divulgados pelo Censo do IBGE.
Nas cem cidades mais populosas do país, 93,91% da população é atendida com água potável, 77,19% com coleta de esgoto e 65,11% com tratamento de esgoto. No ano anterior, os percentuais eram de 94,92%, 77,81% e 65,55%, respectivamente.