Pelotas é o ponto de partida do projeto Insurgências: protagonismo dissidente na cena. A turnê começa hoje, às 17h30min, e vai até sexta-feira trazendo à comunidade três espetáculos que abordam temáticas sociais urgentes, além de duas oficinas de artes cênicas. As apresentações ocorrerão no Centro de Artes da UFPel, Campus Porto. O público poderá conferir gratuitamente as criações cênicas de coletivos gaúchos que procuraram estimular a reflexão sobre racismo, gordofobia, transgeneridade e acessibilidade.
A abertura é com a peça Negreiros – Histórias que a história não conta, trabalho do Grupo Teatral Leva Eu que aborda o tráfico de pessoas e fluxos migratórios e busca ampliar o debate racial no Brasil. Amanhã será apresentada Gordança: uma palestra dançada, da Cia T.O.D.A.S, que faz uma celebração da corporalidade gorda em cena, unindo humor e memórias, em sessão às 11h. Corpo Casulo, obra que resgata diferentes histórias entrelaçadas pela vivência da transgeneridade masculina, tem apresentação no mesmo dia às 17h30min. A produção é assinada pelo Coletivo Intransitivo.
Seis cidades no roteiro
A atriz, diretora Luka Machado, coordenadora de comunicação do projeto Insurgências, conta que a circulação começa por Pelotas ser um dos pólos acadêmicos das artes cênicas. “Escolhemos duas cidades para complementar onde vemos muitos movimentos artísticos, que são Bagé e Pelotas”, conta. A turnê ainda vai chegar a Santa Maria, Caxias do Sul e Passo Fundo, o encerramento é em Porto Alegre.
Todos os espetáculos têm tradução em Libras. “Também faz parte das nossas premissas, que fossem cidades que tivessem movimentos de pessoas surdas, pessoas com deficiência auditiva, principalmente porque os espetáculos têm acessibilidade integrada às cenas. E as cidades que têm ambulatórios trans também por conta de um dos espetáculos ter essa temática”, explica Luka.
Projeto para inspirar
Os integrantes dos coletivos de Porto Alegre e Viamão se conheceram trabalhando em outros projetos e viram que com esses espetáculos, criados há mais ou menos três anos, eles estavam fazendo movimentos complementares. Luka lembra uma parte dessa proposta também surgiu inspirada pela frase: “Não tem como lutar por liberdade pela metade”, do compositor e rapper Emicida. “Estávamos fazendo muitos movimentos com eles, mas de forma individual, então por que não juntar? Pensamos que seria fantástico se tivéssemos uma oportunidade das pessoas assistirem os três juntos”, conta.
Para Luka esse pode ser um projeto que inspire outras pessoas ou grupos a criarem seus projetos de circulação, unindo temas que se complementam. “São três coletivos que produzem arte, principalmente, em Porto Alegre, mas que dentro dos seus espetáculos, dos seus trabalhos, tem muito ativismo”, comenta a atriz.
Oficinas
A sexta-feira será dedicada às oficinas. Às 9h será oferecido o workshop com foco em gestão de equipamentos culturais, gestão de grupos, elaboração de projetos culturais e comunicação para projetos culturais, ministrada pelos artistas multidisciplinares Gustavo Deon, Igor Ramos, Juliana Johann e Luka Machado.
Às 14h ocorrerá a oficina com foco em acessibilidade comunicacional e Libras, facilitada por Lucas Bourscheid, pioneiro na inclusão cultural como o primeiro ator surdo com registro profissional no Estado, e por Lucas Terres, intérprete de Libras responsável pela acessibilidade em toda a programação. Ainda é possível fazer inscrições.
SERVIÇO
- O quê: Insurgências: protagonismo dissidente na cena em Pelotas
- Onde: Universidade Federal de Pelotas, rua Álvaro Chaves, 65
Gratuito
Ingressos para os espetáculos podem ser retirados gratuitamente pelo Sympla
Inscrições para o eixo formativo podem ser feitas pelo formulário disponibilizado no perfil do Instagram
@insurgenciasnacena