Gabriel Dias é um dos proprietários da Vinícola Tradição da Ilha, empresa familiar da Ilha dos Marinheiros, em Rio Grande. Representando a sexta geração da família, ele dá continuidade à produção de vinhos e da jeropiga, bebida típica produzida pela família. A vinícola participa da Fenadoce há 27 anos, sendo uma das expositoras mais tradicionais do evento.
O que é a Vinícola Tradição da Ilha?
A Tradição da Ilha é uma vinícola 100% familiar, hoje classificada como agroindústria familiar. Produzimos vinhos na Ilha dos Marinheiros, em Rio Grande, mantendo uma tradição que começou em 1912. Eu sou a sexta geração da família nesse ofício.
Qual é a relação da empresa com a Fenadoce?
É uma relação de muito carinho. Estamos há 27 anos participando da feira. Começamos com meus pais, num espaço pequeno, de dois metros, no setor de artesanato. Eu, com quatro ou cinco anos, já dormia no cantinho do estande. Crescemos junto com a Fenadoce e hoje estamos no setor da multifeira, o que é um reconhecimento do nosso trabalho.
Quais tipos de vinho vocês produzem?
Produzimos vinhos coloniais, tradicionais aqui da região Sul, e uma bebida única de Rio Grande chamada jeropiga. Também temos vinhos finos como Cabernet, Tannat e Merlot, além de Bordeaux e Niágara, nas opções seco e suave.
O que é a jeropiga?
A jeropiga é uma bebida feita com uva, mas a fermentação é interrompida – é um processo anterior ao vinho. Ela se assemelha aos vinhos licorosos portugueses, como o vinho do Porto. Hoje ela é feita em Portugal, na região de Óbidos, e também em Rio Grande, onde se mantém como tradição local. Oferecemos a bebida em três variações: a tradicional, a envelhecida em barris de carvalho por um ano e a feita com uva branca. Cada uma tem uma característica. A tradicional é mais frutada e combina com o verão; a envelhecida, mais encorpada, combina com o inverno.
Qual o teor alcoólico da jeropiga?
Ela tem 17% de graduação alcoólica. É uma bebida leve no sabor, mas forte no efeito. Lá em Rio Grande, a gente brinca que toma um cálice antes do banho para aquecer o corpo.
Há visitantes que retornam anos depois para comprar a jeropiga?
Sim. Muitas pessoas lembram de ter provado em edições anteriores. Às vezes não reconhecem à primeira vista, mas ao degustar, dizem: “eu já tomei isso”. Isso mostra como o vínculo com o produto é forte.
