Uma das melhores estruturas do Estado”, é assim que a delegada regional da Polícia Civil de Rio Grande, Lígia Furlanetto, define a nova Central de Polícia rio-grandina. O espaço, localizado no prédio do antigo Fórum – desativado desde 2021, na rua Silva Paes esquina com Benjamin Constant, no Centro – inicia sua operação para o público nesta segunda-feira (30).
A nova Central abriga sete delegacias: a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), a Delegacia de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPPGV), a 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP), a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), a Delegacia de Repressão aos Crimes Organizados (Draco), a Delegacia Regional e a Delegacia da Mulher. Já as unidades do Cassino e do Parque Marinha seguirão operando normalmente em suas sedes atuais.
Com a unificação dos serviços, a população não precisará mais circular por diferentes bairros para registrar ocorrências ou obter atendimento especializado. “Como é uma central de polícia, é um local em que a maioria dos órgãos de polícia de Rio Grande vão estar reunidos no mesmo espaço. Então às vezes a pessoa procura um órgão de maneira equivocada […], nesses casos ela vai ser direcionada para um outro andar, ela não vai mais precisar se deslocar até outro bairro”, explica a delegada.
O projeto também levou em consideração o fluxo interno do prédio, possibilitando a criação de três entradas independentes: a da rua Benjamin Constant, exclusiva ao público geral; a da rua Silva Paes, para os policiais e a da rua Napoleão Laureano, por onde serão conduzidos os presos, garantindo a separação entre vítimas, policiais e pessoas detidas.
“Não vai ter mistura de público com o preso. Nem, por exemplo, a pessoa que tá registrando uma ocorrência, pedindo uma autorização de medidas protetivas e o cara tá sendo preso, não vai ter confusão deles poderem se encontrar”, afirma Lígia.
Conforme ela, o local visa proporcionar um ambiente mais acolhedor para o público e os policiais. “O projeto é pensado tanto pro bem-estar e a saúde mental dos policiais que passam boa parte do seu tempo aqui, como também pra dar um melhor ambiente de atendimento para as pessoas que procuram a Polícia Civil”, destaca.
Estrutura por andar
Logo no térreo funcionará a Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), que será a porta de entrada para a maioria dos registros de ocorrência da cidade. A entrada pela rua Benjamin Constant será destinada exclusivamente ao público, com triagem logo na recepção. “Vai ter uma pessoa que vai fazer um filtro inicial, depois a pessoa vai se direcionar a um dos três guichês”, detalha a delegada. O andar também abriga sete celas, uma sala de flagrantes isolada, canil e uma sala de convivência para os policiais de plantão.
“Eles ficam 12 horas aqui. Entre um registro e outro, podem tomar um café, descansar, não precisam ficar o tempo inteiro sentados na mesa de atendimento”, explica.

Infraestrutura é uma das mais modernas da Polícia Civil no interior do Estado. (Foto: Jô Folha)
Ainda no térreo, um dos espaços mais simbólicos da nova Central é a Sala das Margaridas, dedicada exclusivamente ao acolhimento de mulheres vítimas de violência. O local, mais amplo e confortável, foi pensado para oferecer privacidade e humanização no atendimento.
“A vítima vai se sentir acolhida, poderá registrar sua ocorrência separadamente, pedir medidas protetivas com mais tranquilidade. E, se vier com filhos pequenos, a criança poderá brincar em um espaço com livros e brinquedos, enquanto a mãe é atendida”, ressalta.
No segundo andar, o projeto arquitetônico deu prioridade ao bem-estar e à capacitação dos agentes, com o chamado Centro Permanente de Treinamento e Convivência.
O ambiente inclui dormitórios para plantonistas, salas de aula, estande de tiro, auditório, corredor para treinamentos táticos, além de uma ampla área de descanso e recreação equipada com cozinha, sofá, televisão, mesa de sinuca e churrasqueira elétrica.
Retorno da Delegacia da Mulher
Já no terceiro andar está a Delegacia da Mulher, que volta a funcionar de forma independente após quase três anos integrada à DPPGV. A decisão de anexar a unidade, tomada em 2022, foi motivada pela criação da Delegacia de Homicídios, uma vez que, por força de decreto estadual, não era possível instituir novas delegacias. A estratégia à época foi reunir em um único setor o atendimento a todos os grupos vulneráveis – mulheres, crianças, adolescentes, idosos, pessoas vítimas de crimes de ódio.
“Em razão do volume de trabalho, da quantidade de inquéritos e de ocorrências que chegam voltadas para a proteção das mulheres, se entendeu que realmente é melhor separar novamente”, explica.
No mesmo andar, do lado oposto, segue funcionando a Delegacia de Proteção a Grupos Vulneráveis (DPPGV), com foco em outros públicos vulneráveis. A delegada enfatiza que o novo espaço possibilita um atendimento mais qualificado, visto que anteriormente os atendimentos eram realizados na unidade do Cassino, onde a infraestrutura é menor.
Nos andares superiores, atuam a Delegacia Regional, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) e a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) até o sexto andar, respectivamente. Todos os setores estão conectados por elevador e escadas internas, com acesso controlado.
Expectativa da comunidade
A mudança de endereço também é vista com entusiasmo pelos moradores e comerciantes dos arredores do local. “A gente vê também uma satisfação grande dos comerciantes aqui da volta, dos moradores em querer que a gente venha pra cá pra melhorar todo o entorno, para trazer mais segurança, trazer movimento para o comércio daqui”, conta Furlanetto.
O que tem em cada andar?
- 1º andar (térreo) – Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA)
- 2º andar – Centro Permanente de Treinamento e Convivência (andar específico para policiais)
- 3º andar – Delegacia da Mulher e DPPGV
- 4º andar – Delegacia Regional
- 5º andar – Delegacia de homicídios e Proteção à Pessoa
- 6º andar – Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco)
Entradas
- Rua Benjamin Constant – Público em geral
- Rua Silva Paes – Policiais
- Rua Napoleão Laureano – Presos
O prédio
O prédio, que por décadas abrigou o Fórum, foi originalmente cedido pelo Estado ao Poder Judiciário. Após a inauguração do novo foro na zona oeste, em novembro de 2021, o imóvel foi devolvido ao Estado e, em seguida, destinado à Polícia Civil. Desde então, passou por um processo de revitalização e adaptação para abrigar as principais estruturas policiais do município em um único local.
O investimento total superou os R$ 2 milhões. A primeira fase de obras estruturais, com reformas internas e externas, custou cerca de R$ 790 mil – valor obtido por meio de uma emenda parlamentar do deputado federal Alexandre Lindenmeyer (PT) e de multas aplicadas pelo Ministério Público do Trabalho. Já a segunda fase, referente à instalação da rede lógica, ficou a cargo da Procergs, com custo aproximado de R$ 1,3 milhão, e foi finalizada no primeiro trimestre de 2025.