O processo da Comissão de Ética da Câmara de Pelotas que apura denúncia contra o vereador Cauê Fuhro Souto (PV) ouviu nesta segunda-feira (30) o irmão do vereador, Ismael Fuhro Souto Cruzeiro, e o assessor do vereador, Roger Bastos Coitinho. Os depoimentos foram breves – cerca de 10 minutos cada – e não trouxeram novos fatos à tona.
Ismael era presidente da Associação Brasil em Dança, que estava em processo de mudança para Associação Amigos de Pelotas. No depoimento, o irmão do vereador disse que presidiu a entidade desde 2008, quando foi criada, e que a associação nunca teve funcionamento.
Ele afirmou que se desligou da associação em novembro do ano passado e que não teve mais contato com a entidade. Ismael disse que não tinha conhecimento sobre a mudança de nome e reconheceu que a associação que ele presidia não teria condições de fazer as obras previstas na emenda.

Ismael Fuhro Souto depôs à Comissão de Ética (foto: Douglas Dutra)
Roger Bastos Coitinho disse em seu depoimento que faria parte do conselho fiscal da Associação Amigos de Pelotas e que foi convidado por Cláudia Tavares, que seria presidente da entidade. Roger disse que ele a conheceu por trabalhos sociais durante as enchentes e que a escolha por reutilizar uma associação já existente partiu de uma orientação do governo passado.
Outras testemunhas
Segundo o relator do caso na Comissão de Ética, vereador Marcelo Bagé (PL), foram convidadas seis pessoas para depor. Além de Ismael e Roger, foram convidados para depor Cláudia Tavares, que seria presidente da associação, Carla Lessa, que seria vice-presidente, e o empresário Valdomiro Santos Silva, que seria tesoureiro da entidade. Cláudia, Carla e Valdomiro não compareceram e seus depoimentos foram dispensados por Bagé.
A secretária de Governo, Miriam Marroni (PT), foi convidada a depor pela defesa de Cauê. Miriam foi a vereadora relatora das emendas ao orçamento de 2025. Ela também não compareceu, e respondeu por ofício que desconhece com profundidade a denúncia e que todas as emendas foram aprovadas por estarem tecnicamente regulares.
Bagé mantém a expectativa de concluir o relatório do caso antes do recesso parlamentar do final de julho. Segundo o relator, a ausência das testemunhas convidadas não irá atrapalhar o trabalho da comissão, já que os depoimentos dados no inquérito do Ministério Público serão utilizados como base para o processo na Câmara.
Relembre
Em janeiro, a reportagem do A Hora do Sul revelou que Cauê destinou uma emenda de R$ 625 mil para uma associação de dança e teatro em que o próprio irmão figura como presidente. Os valores seriam destinados à reforma do Instituto Lar de Jesus e dos banheiros da praça Coronel Pedro Osório e do Mercado Público.
Após a reportagem, o Ministério Público abriu um inquérito para apurar o caso. O promotor de Justiça José Alexandre Zachia Alan denunciou o vereador por falsidade ideológica, apontando que Cauê inseriu “declaração falsa a alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante” ao colocar que a emenda seria destinada à Associação Amigos de Pelotas, quando na verdade o CNPJ se refere à Associação Brasil em Dança.
Zachia Alan destaca que a associação foi fundada pela mãe do vereador, que a entidade nunca teve funcionamento efetivo e que o vereador tentou ocultar seu envolvimento com a entidade.
O vereador nega irregularidades.