Chega a Pelotas neste domingo o espetáculo A Tropa. Em cena um dos decanos das artes cênicas brasileiras, Otavio Augusto, celebrando seus 80 anos de vida e 60 carreira. A apresentação única está marcada para as 18h. Ingressos pelo site Sympla ou na bilheteria do Theatro três horas antes da apresentação.
A Tropa narra um reencontro entre família, quando um pai recebe a visita de seus quatros filhos no hospital. Apesar do momento inoportuno, o quinteto se vê envolto em acalorado acerto de contas, permeado de humor e revelações. Como pano de fundo os últimos 60 anos da história do Brasil.
O elenco tem ainda Alexandre Menezes, Daniel Marano, Alexandre Galindo e André Rosa, com direção de César Augusto e texto de Gustavo Pinheiro, vencedor de um concurso de dramaturgia promovido pelo Banco do Brasil, em 2015. “A gente tem até dificuldade de classificar o gênero da peça, porque ela é uma comédia dramática, dois gêneros que se opõem, mas que na peça se equilibram”, comenta o ator Daniel Marano.
Otavio Augusto é o timoneiro desta peça e, com sua experiência no humor, conduz a peça com muita verve e graça. Apesar da força dramática do texto, através do veterano ator que se manifesta o personagem principal, um ex-militar, autoritário e conservador, mas extremamente carismático. Ou seja, um homem cheio de contradições. “Temos um filho que banca a família, é o esteio, mas é corrupto, e a família que tem posicionamentos políticos bem definidos, sobretudo os progressistas, que acabam aceitando o dinheiro desse corrupto”, antecipa Marano, sobre as outras contradições da “tropa”.
Humor e reflexões
Segundo os atores, o espetáculo tem cenas muito fortes, que estimulam a uma profunda reflexão e, para eles, uma das melhores formas de estimular o público a pensar é através do humor. Escrito em 2015, o texto contemporâneo de Pinheiro propõe atemporalidade, que conversa muito bem com os conflitos políticos e sociais do Brasil, ao menos dos últimos 15 anos.
Marano faz o filho caçula, que seguindo os clichês é o rebelde da família. “É o filho que traz a verdade à tona e faz as máscaras caírem”, comenta o ator, com 34 anos e 16 de carreira. A Tropa foi a peça de estreia do fluminense de Araruama, interior do estado do Rio de Janeiro.
Otavio Augusto destaca o talento do companheiro de cena. “É como se ele tivesse 50 anos de carreira, eu sempre procurei me aproximar desse pessoal mais jovem, dos grupos principalmente, porque o meu início no teatro foi através de grupo”, conta.
Augusto começou no Teatro Oficina, liderado pelo diretor, ator, dramaturgo e encenador Zé Celso Martinez Corrêa. “Isto me trouxe o conhecimento sobre o que é o teatro e a função do teatro socialmente falando. A gente procura ter o divertimento junto com informação, com a discussão social e isso a nossa peça traz”, fala o ator.
Vigor aos 80 anos
Sobre o segredo do vigor aos 80 anos, o ator brinca dizendo que é “emulsão do scotch”. “Acho que vem do coração, uma paixão. Desde que eu descobri o teatro, me entreguei inteiramente, e hoje em dia, sem fazer teatro eu fico insuportável. Isso é o que me dá essa força e esse desejo de estar permanentemente com a minha arte”, diz Otavio Augusto.
Daniel Marano conta que estava recém formado, sem perspectiva de trabalho, quando fez o teste para este espetáculo. Para sua surpresa foi aprovado e quando soube que iria trabalhar com Otávio Augusto não acreditou e sentiu o peso da missão. “Eu digo que a minha graduação foi a minha faculdade e a pós-graduação foi com o Otavio, porque trabalhar com ele foi o que me deu o norte da profissão, eticamente também, além de artisticamente”, conta o ator.
Serviço
O quê: espetáculo A Tropa
Quando: domingo, às 18h
Onde: Theatro Guarany, rua Lobo da Costa 89
Classificação indicativa: 14 anos
Tempo de duração: 80 minutos
Ingressos: Sympla (on-line) ou na bilheteria 3 horas antes da apresentação