Mapeamento finalizado recentemente pela direção do Brasil indica que a dívida total do clube está na casa dos R$ 48 milhões. Segundo o presidente Vilmar Xavier, o juro desse débito passa dos R$ 5 milhões por ano, um montante superior à receita anual do Xavante, que gira em torno dos R$ 4 milhões, ainda conforme o dirigente.
“Até pouco tempo atrás só se tinha chute [do valor]. Hoje nós temos mapeado que o clube deve R$ 48 milhões. Credores não recentes, credores antigos. Por exemplo, há 15 dias foi identificado um credor que se habilitou, por R$ 2,8 milhões, lá de 1998. Rolando, rolando na Justiça e agora caiu no nosso colo”, afirma Vilmar, enfatizando se tratar de um problema antigo.
O presidente afirma que o interesse do clube de analisar a possibilidade de transformação em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) vem fazendo crescer a quantidade de interessados em valores não pagos em outras épocas. “Temos muitos credores fora do Rio Grande do Sul, e muitos que nunca houve defesa, foram [casos] julgados à revelia”, diz.
“O que a gente vislumbra é uma SAF. Para isso, a gente precisou trabalhar arduamente nos últimos sete, oito meses, para identificar todos os Conforme presidente, receita anual do clube está abaixo do valor dos juros desse débito credores e o valor da dívida. Tu não consegue partir para uma SAF com investidores sem saber o volume da dívida. Hoje temos mapeados todos os credores. Identificados, com endereço, tipo da dívida”, garante.
Dados concretos
Vilmar Xavier reforça o discurso já usado em outras ocasiões: em sua opinião, a transformação do modelo de gestão é a única saída para assegurar a viabilidade administrativa do Rubro-Negro. Nas palavras do dirigente, o clube do Bento Freitas chegou ao “limite do limite, quase no fundo do poço”.
“A solução é partir para uma SAF, um consórcio de investidores, que pegue o futebol para administrar, para ter um futuro do clube. […] Se pagar só o juro da dívida, estaria sem atividade o clube e de onde teria receita? Só entra receita se tiver atuando. Hoje o Xavante não consegue nem pagar o juro da dívida”, lamenta.
O cálculo feito pelo mandatário coloca o juro mínimo, de 1% ao mês e 12% ao ano. Considerando montantes aproximados, o total dos juros em 12 meses chegaria a R$ 5,76 milhões anuais. A boa notícia, indica Vilmar, é que ter os dados concretos consiste em uma necessidade para potenciais investidores.
“Não tem investidor que vá querer botar dinheiro em um clube sem saber o tamanho da dívida, e hoje estamos bem avançados porque temos não só identificado o tamanho da dívida, mas credor por credor. Os investidores querem saber tudo isso. O maior problema que tínhamos foi resolvido”, afirma o presidente.
Processo de longo prazo
Um grupo de conselheiros do Brasil se aprofundou nos estudos a respeito da SAF e o clube fechou uma parceria com a Pluri Sports, empresa de consultoria. Entre as tarefas está a transmissão à Pluri de todas as informações necessárias para uma eventual transição do modelo de gestão.
“Não é a Executiva que trata. Existe um grupo de conselheiros que vem atuando há uns dois anos no assunto da SAF. O que a Executiva faz é operacionalizar. Por exemplo, levantar os credores, identificar valores. Tem um consórcio de investidores interessados [na compra da SAF], mas não chegou a hora ainda de discutir valores”, diz o presidente.
Para virar SAF, o Brasil precisaria de aprovação do Conselho Deliberativo, que em 2024 autorizou a realização dos estudos por parte da Pluri. Caso cheguem propostas de compra, a associação analisará a viabilidade e, se considerada adequada, submeterá à Assembleia Geral para votação. Todos os sócios adimplentes com direito a voto poderiam participar.