Série de operações contra o crime organizado impacta estatísticas

Índices

Série de operações contra o crime organizado impacta estatísticas

Desde o início do ano, crimes como homicídios, roubos, furtos e estelionatos apontam queda

Por

Atualizado sexta-feira,
13 de Junho de 2025 às 18:00

Série de operações contra o crime organizado impacta estatísticas
Nesta semana, cinco pessoas foram presas por estelionato. (Foto: Divulgação)

Com a proximidade do fechamento do semestre de 2025 alguns levantamentos estatísticos indicam que ações policiais – não necessariamente feitas este ano – já surtem efeitos positivos na população. Queda no número de homicídios – dois crimes em Pelotas e um em Arroio do Padre em cinco meses e meio contra 17, em 2024, o que representa 82,35% de redução. Já os Crimes Violentos Letais Intencionais são cinco. Os casos de estelionatos, por exemplo, que vinham fazendo muitas vítimas, apontou redução de 19,79% no período comparativo.

Para o coordenador do 10º Núcleo Sul do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) promotor de Justiça Rogério Caldas o impacto das operações deflagradas atingem diretamente a sociedade no momento em que retiram dinheiro ilícito, vindo do crime organizado, transferem criminosos de alta periculosidade do Presídio Regional de Pelotas para o Presídio de Segurança Máxima de Charqueadas, além de que eliminar empresas que, com aparência lícita, estariam comercializando e rendendo dinheiro para o crime organizado utilizando esta sociedade.

“Os números mostram que conseguiu-se bloquear mais de R$ 96 milhões do crime do tráfico de drogas e de assaltos. Se retirou também do mercado quase R$ 6 milhões em imóveis, foram 30 prisões, além de veículos”, cita o promotor. Ele destaca que as ações impediram que crimes ocorressem como o da agiotagem e extorsão. “São crimes que maculam a sociedade que é vulnerável em relação a valores, sem condições de pegar empréstimos bancários e que sofriam na mão dos criminosos”, comenta. Para Caldas, as operações da Gaeco contribuem para que a cidade se mantenha mais segura e livre do crime organizado.

Na opinião do titular da 18ª Delegacia Regional de Polícia Civil, delegado Márcio Steffens, as grandes operações têm um significado bem maior por envolver investigação complexa, com duração mais prolongada, e que ultimamente tem objetivado a descapitalização das organizações criminosas. “Elas [operações] tiram a capacidade de aplicação de dinheiro advindo do crime em outras atividades, que têm aparência de legalidade e que na verdade são fachadas ou são lavagem de dinheiro”, explica.

A recente questão dos crimes de estelionatos virtuais, dos golpes dos nudes, os que vitimam idosos e pessoas com mais vulnerabilidade, tem sido alvo das polícias. “As grandes operações têm essa capacidade de atingir a parte financeira das organizações criminosas e cumprir uma parcela, uma quantidade maior de cautelares da justiça”. Na Operação Firma 2, ligadas ao golpe dos nudes, cinco pessoas foram presas esta semana.

Em relação à queda nos homicídios, o titular da Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoas (DHPP), delegado Félix Rafanhim, ressalta que não foram encontrados indícios nos três homicídios relacionados com o crime organizado. Para ele, a redução está ligada a fatores como as ações policiais diversas – Brigada Militar, Polícia Civil e outros -, além da própria dinâmica no meio criminoso. “Com relação ao ano passado, a prisão realizada pela DHPP de indivíduos foragidos em Santa Catarina e São Leopoldo e que estavam cometendo homicídios em Pelotas e região, auxiliaram na redução dos indicadores”.

Só operações não bastam

Para o professor da UCPel, Aknaton Souza, as operações têm seus efeitos, elas geram um capital simbólico e importante, porém são momentâneas. “Nós precisamos, o que o Brasil precisa é de política pública e social de longo prazo para a resolução desses problemas da segurança pública, que não são problemas imediatos ou isolados. A gente fala de um processo que envolve socialização, cultura”, avalia. Para o especialista, se faz necessário radicalizar não com imediatismo, mas com ações que produzam efeitos de segurança. “No Brasil, as ações quase sempre estão associadas ao processo de repressão e que por vezes não traduzem em sensação de segurança ou redução da violência. É preciso trabalhar aspectos educacionais, urbanos, de iluminação, saneamento básico, acesso à justiça. Sim, pois muitas mulheres deixam de denunciar pela dificuldade em usar as ferramentas, embora se tenha inúmeras leis de proteção e de dispositivos sociais.”

Acompanhe
nossas
redes sociais