Capão do Leão foi um dos 12 municípios que receberam o Seminário Regional de Divulgação do Programa de Recuperação Socioprodutiva, Ambiental e de Resiliência Climática da Agricultura Familiar Gaúcha. A iniciativa ocorreu na sexta-feira (6), no auditório da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para apresentar o maior programa de recuperação de solos da história do Estado.
Durante o seminário, foi detalhado o plano de investimentos de R$ 903 milhões em ações voltadas à sustentabilidade e ao fortalecimento da agricultura familiar, beneficiando até 150 mil unidades produtivas em 495 municípios. A proposta prevê transferência direta de recursos aos agricultores, por meio do Cartão Cidadão, para financiar intervenções que vão reabilitar a fertilidade do solo e fortalecer a resiliência contra eventos climáticos.
“Esse programa não pode dar errado e nós precisamos ajudar quem mais precisa e quem mais perdeu, que é o nosso produtor […] Onde nós temos um solo recuperado, nós temos um ambiente bom para conseguirmos uma produção dentro da média ou acima da média”, destaca o secretário de Desenvolvimento Rural, Vilson Covatti.
Covatti argumenta que a ideia é tornar a iniciativa anual, tornando a chamada Operação Terra Forte em um programa de Estado e não de governo. “No ano que vem, nós aplicando bem esses recursos, teremos mais R$ 903 milhões. No outro ano, teremos mais R$ 903 milhões, porque o Funrigs é três anos. Então se torna um programa de Estado e não de governo”, afirma Covatti.
A apresentação técnica do programa foi conduzida pelo presidente da Emater/RS, Luciano Schwerz, que reforçou que o programa é uma resposta direta aos impactos das mudanças climáticas extremas vem atingindo o Estado desde 2020, com as secas causadas pelo La Niña e as enchentes associadas ao El Niño. Os eventos climáticos provocaram erosão severa e queda na fertilidade dos solos em diversas regiões do estado — mais da metade das amostras analisadas apresentaram pH abaixo de 5,5 e baixos índices de matéria orgânica.
“O primeiro problema do agricultor agrícola é o contexto climático. E todo o meio científico acadêmico já tem isso claro. Não é mais uma tendência, e sim uma realidade que está presente e que nós precisamos nos adaptar. E o segundo ponto, que nós avaliamos um pouco, é o que está acontecendo com a qualidade do solo do nosso Estado”, explica Schwerz sobre os motivos para a criação do programa.
O programa prevê, em um primeiro momento, que 15 mil agricultores familiares e pecuaristas recebam recursos de até R$ 30 mil por propriedade. A aplicação do recurso será direcionada para práticas como recuperação de pastagens, plantio direto, energia solar, compostagem, saneamento básico e conectividade rural. Também estão previstos 495 tratores agrícolas para os municípios, com contrapartidas das prefeituras para disponibilização de operadores, combustível e implementos.
A execução será descentralizada. As inscrições para adesão ao programa ocorrerão presencialmente nas unidades municipais da Emater/RS e serão avaliadas pelos conselhos municipais de agricultura.
Investimento
Covatti afirma que o programa prevê um grande retorno para o setor e para a comunidade gaúcha. “Onde nós temos um solo recuperado, nós temos um ambiente bom para conseguirmos uma produção dentro da média ou acima da média. […] A renda não é apenas para o nosso agricultor, a renda é para a sociedade como um todo. Ao invés de perder, nós temos que agregar valores e aumentar o nosso nível econômico”, exalta.
Participação popular
A intenção das reuniões regionais em 12 municípios do RS tem o objetivo de entender as particularidades do setor em cada região. No seminário de ontem, em Pelotas, o auditório esteve lotado com representantes de grande parte dos municípios da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul).
