Futuro de usina de Candiota segue sem definição em Brasília 

Termelétrica

Futuro de usina de Candiota segue sem definição em Brasília 

MP que garante operação até 2043 segue parada na Casa Civil; votação de vetos foi adiada para junho

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Futuro de usina de Candiota segue sem definição em Brasília 
Unidade aguarda decisão do governo ou derrubada de vetos. (Foto: Gustavo Pereira)

A tão aguardada reativação plena da Usina Termelétrica Candiota 3 segue indefinida. A Medida Provisória (MP) que garantiria a prorrogação da operação da planta até 2043, enviada pelo Ministério de Minas e Energia à Casa Civil, ainda não teve qualquer avanço concreto. Paralelamente, a votação dos vetos presidenciais à Lei das Offshores — considerada uma alternativa à MP — que estava prevista para hoje foi adiada para o dia 17 de junho, ampliando a incerteza quanto ao futuro da usina a longo prazo.

A MP foi enviada à Casa Civil há mais de dez dias, mas até o momento não houve avanço na tramitação nem previsão oficial de publicação. Fontes afirmam que não é possível balizar o tempo de publicação de uma MP, mas que “tudo depende da vontade política”. Lideranças da região mantém a expectativa da publicação do texto nesta semana.

“Esta semana temos a expectativa de sair o anúncio da Medida Provisória”, enfatiza Hermelindo Ferreira, diretor do Sindicato dos Mineiros de Candiota.

Aliada importante 

A principal articulação pró-MP no governo tem sido conduzida pela ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), que, segundo Ferreira, passou a ser uma aliada importante, também movida pelo impacto semelhante do fechamento de usinas no Paraná, seu reduto eleitoral.

Transição energética

O documento prevê a extensão dos contratos de geração térmica a carvão mineral para o Rio Grande do Sul e Paraná até 2043. A MP seguirá os moldes do que já foi aprovado para garantir a continuidade das operações do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina, em 2022.

O período de 18 anos seria necessário para a realização gradual do processo de transição energética na região carbonífera. Segundo o deputado federal Paulo Pimenta, o Ministério de Minas e Energia criará um grupo de trabalho para apoiar a cidade na transição voltada para atividades econômicas ambientalmente sustentáveis.

Vetos como alternativa 

Diante da lentidão na Casa Civil, os vetos presidenciais à Lei das Offshores seguem como a principal alternativa para reverter o cenário da usina. Caso sejam derrubados, os trechos vetados voltam a valer, permitindo a recontratação da energia da Usina até 2050.

A derrubada dos vetos requer maioria absoluta dos votos no Congresso: 41 senadores e 257 deputados. A votação começará pelo Senado. O projeto de lei vetado foi proposto ainda em 2021 pelo senador Jean-Paul Prates (PT-RN). O governo justificou os vetos alegando impacto fiscal estimado em R$ 545 bilhões até 2050, mas entidades do setor contestam os números e defendem que os benefícios econômicos superam os custos, apontando impacto positivo de R$ 311 bilhões até 2054.

O adiamento para 17 de junho frustrou as expectativas de curto prazo para a solução no Senado, mas ampliou a janela de articulação para as lideranças que defendem a permanência da atividade na usina.

O que dizem os senadores gaúchos? 

Luis Carlos Heinze (PP)

A minha prioridade são as famílias que dependem da Usina de Candiota para sobreviver e que não podem perder sua fonte de sustento da noite para o dia.

O governo assumiu o compromisso de editar uma MP para resolver essa situação. Sigo aberto ao diálogo, mas, se essa solução não for apresentada, serei forçado a derrubar o veto. O que, repito, não é minha primeira escolha.

Tenho plena consciência de que a questão do gás natural impacta a conta de todos os brasileiros. Justamente por isso, busco uma saída equilibrada, que garanta justiça para as famílias de Candiota sem comprometer a renda da população.

Hamilton Mourão (Republicanos)

Os vetos do presidente Lula na Lei do Marco das Offshores atingem, particularmente, a termelétrica de Candiota. Em uma visão simplista, seria pura e simplesmente se desfazer de uma matriz energética poluidora, mas a questão é mais complexa. Candiota é importante geradora de empregos para a nossa empobrecida zona da Campanha. Além do mais, sua emissão é ínfima e possuímos carvão que é extraído a céu aberto e que contribui para o PIB do Rio Grande do Sul. Dessa forma, votarei pela derrubada dos vetos.

Paulo Paim (PT)

Não respondeu aos contatos da reportagem até o momento.

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