Os médicos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Junção, em Rio Grande, decidiram uma nova paralisação dos atendimentos eletivos a partir de 30 de maio caso a gestora da unidade, o Instituto Brasileiro de Saúde (IBSaúde), não regularize os pagamentos em atraso.
Conforme o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), os profissionais sofrem com “constantes atrasos no pagamento” e não possuem “garantias concretas de regularização por parte da empresa contratante”. A decisão foi tomada em Assembleia Geral Extraordinária realizada no dia 12 de maio.
A deliberação unânime garante que os profissionais deixarão de atender as fichas verdes e azuis – casos de menor complexidade. Nessas ocasiões, os pacientes serão encaminhados pelos médicos à Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima.
Atrasos
Os honorários de fevereiro foram pagos parcialmente, e os meses de março e abril seguem em aberto. Além disso, conforme o Simers, “há relatos de ausência de contrato formal entre médicos e a empresa administradora, o que agrava ainda mais o cenário de insegurança jurídica e instabilidade no serviço prestado à população”.
Presidente do Sindicato dos Médicos de Rio Grande (Simerg), o médico Sandro Oliveira conta que cerca de 40 profissionais estão nesta situação. Atualmente, a dívida com a categoria é de cerca de R$ 1 milhão.
Histórico de impasses
A crise envolvendo os pagamentos dos médicos da UPA Junção se arrasta desde o final de 2024. Em dezembro, a categoria já havia sinalizado a possibilidade de paralisação devido ao atraso nos honorários referentes a outubro e novembro. Diante da falta de avanço nas negociações, em janeiro de 2025, os profissionais decidiram suspender o atendimento de fichas verdes e azuis, mantendo apenas os casos considerados graves, o que perdurou até 21 de fevereiro.
Na época, a prefeitura de Rio Grande afirmou que os repasses estavam sendo feitos conforme previsto em contrato e que os atrasos seriam responsabilidade da gestora da unidade. A Secretaria de Saúde do município explicou que os pagamentos ao IBSaúde ocorrem pós-prestação de contas, sendo divididos em duas parcelas: 40% até o quinto dia útil do mês subsequente e os 60% restantes até o final do mês seguinte. No entanto, os sindicatos afirmam que os atrasos persistem e que a empresa tem evitado dialogar com os representantes da categoria.