Saída de Eduardo Leite marca capítulo final na história do PSDB

Opinião

Douglas Dutra

Douglas Dutra

Jornalista

Repórter e colunista de política do A Hora do Sul | [email protected]

Saída de Eduardo Leite marca capítulo final na história do PSDB

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Após 24 anos de filiação, a saída do governador Eduardo Leite do PSDB tende a ser o último capítulo na história do partido no Rio Grande do Sul. O PSDB, que foi um dos principais forças políticas do Brasil pós-redemocratização, vem perdendo protagonismo desde 2014, quando Aécio Neves perdeu para a reeleita Dilma Rousseff e deixou de ser o antagonista natural do PT e da esquerda. O declínio do partido como alternativa se acentuou após a eleição de Jair Bolsonaro em 2018.

Nos últimos meses, a legenda tucana passou pelo processo de tentar se unir a um outro partido para retomar fôlego. Nesse processo, perdeu dois de seus três governadores, a pernambucana Raquel Lyra e o gaúcho Eduardo Leite, ambos para o PSD. Nem o Cidadania, com o qual está federado desde 2022, quis manter a aliança.

Há a tendência de que, na fusão com o Podemos, seja mantido o nome do PSDB. Porém, o novo partido terá muito pouco do PSDB histórico de Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas e José Serra. Além disso, a tendência é de que movimentos como o de Leite e Raquel Lyra causem uma êxodo de tucanos para outra sigla, fazendo com que a união PSDB-Podemos chegue a 2026 sem a musculatura desejada.

Leite e o ex-presidente FHC em 2020 (foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini)

Após ter sido prefeito de Pelotas e governador reeleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite sonha com a presidência da República e aposta em romper a polarização entre Lula e Bolsonaro. Pelo PSD, o desejo de ser um candidato de centro em 2026 até pode se tornar realidade, e o presidente do partido, Gilberto Kassab, diz que Leite é pré-candidato à presidência.

Porém, para se tornar candidato mesmo, terá que disputar internamente com o governador do Paraná, Ratinho Júnior, além da possibilidade de o partido apoiar outro candidato, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. A um ano e meio da eleição, tudo pode acontecer e, no fim das contas, Leite poderá ir às urnas como candidato ao Senado.

Não há dúvidas de que, no contexto político atual, o PSD tem mais condições de catapultar Eduardo Leite nacionalmente. Quanto ao PSDB, ainda é cedo para dizer o quanto a fusão com o Podemos pode servir para manter o partido vivo.

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