“A inclusão não é apenas uma diretriz, mas um compromisso ético e político”

Abre aspas

“A inclusão não é apenas uma diretriz, mas um compromisso ético e político”

Úrsula Rosa – Reitora da Universidade Federal de Pelotas

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“A inclusão não é apenas uma diretriz, mas um compromisso ético e político”
Reitora assumiu a reitoria em janeiro.

À frente da reitoria da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a professora Úrsula Rosa fala sobre os desafios encontrados pelo caminho, as novidades em relação a formação acadêmica e quais são os projetos ao longo da gestão.

O que já foi possível realizar nesses primeiros cem dias?

Nestes primeiros dias, trabalhamos para avançar e reafirmar o compromisso com a qualidade acadêmica, a inclusão social e a inovação. Destaco o início do curso de Engenharia de Transporte e Mobilidade em parceria com a Uergs, a Mostra de Cursos que vai acontecer 14 de maio e o aumento de ingressantes em 2025. Outro ponto é a criação da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade. Também temos novos espaços de amamentação e fraldários e a “Afroteca”, suportes às mães universitárias. Lançamos um “Guia de Lideranças” e fizemos um março de atividades de integração, pois o cuidado com a comunidade é um compromisso nosso.

O que a nova gestão da UFPel tem percebido como o maior desafio da Universidade no momento?

O orçamento é algo dos mais urgentes. Ainda lidamos com restrições ocorridas entre 2016 e 2022. Embora haja empenho do governo na recomposição do orçamento, os recursos ainda não atendem às demandas acumuladas. Outro desafio é o da resiliência climática. O clima tem afetado diretamente nossa rotina: em 2024, foram as enchentes; em 2025, ondas de calor intenso. Esses fenômenos impactam a infraestrutura e a saúde da comunidade universitária. Estamos avançando na adaptação e prevenção para que a UFPel esteja preparada para isso. Por fim, há urgência em modernizar nossa infraestrutura. O último grande investimento em equipamentos foi no Reuni. Desde então, as demandas cresceram, mas os recursos para inovação não as acompanharam. Uma universidade do século 21 precisa estar equipada para oferecer uma formação de excelência.

Não é a primeira vez que a UFPel tem uma reitora mulher; mas é sim a primeira em que uma pessoa negra chega ao posto da vice-reitoria. Qual é a relevância que pautas como a diversidade, a equidade e a inclusão têm para a atual administração e como isso tem sido tratado na condução da instituição?

O exemplo do Eraldo [vice-reitor] mostra que é possível aliar excelência acadêmica e justiça social. Nosso objetivo é justamente construir uma UFPel comprometida com a transformação das estruturas que já excluíram tantas vozes. Assim, a justiça social, a equidade e a valorização da diversidade são valores centrais na nossa gestão. Devemos refletir a pluralidade da sociedade brasileira e ser espaço de representatividade e acolhida. A inclusão não é apenas uma diretriz, mas um compromisso ético e político. Criamos, já em janeiro, a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Equidade, pondo o tema no centro das decisões. Fortalecemos ações já existentes, como a seleção para indígenas e quilombolas, em sua décima edição. Também abrimos espaços para apoio a mães estudantes e reforçamos ações contra todas as formas de violência e discriminação.

Recentes pesquisas apontam que uma parcela atual da juventude não acredita mais na importância do ensino superior. Como a UFPel tem buscado lidar com esse tema, da atração de novos estudantes e sua permanência?

Com tantas incertezas econômicas e sociais, muitos jovens têm questionado o valor do ensino superior. É um sinal de alerta, mas também um convite à escuta e à ação. Enfrentamos esse cenário com políticas de aproximação, acesso e permanência, especialmente quem precisa conciliar estudo, trabalho e família. Um dos nossos focos tem sido ampliar a divulgação junto às escolas, principalmente públicas. Também estamos reestruturando a oferta: mais vagas em cursos noturnos e turmas concentradas em um único turno. Isso ajuda quem precisa trabalhar. Essas ações já têm apresentado resultados positivos. Em 2025, houve aumento no ingresso via Sisu, e o Pave teve recorde de inscritos. Isso mostra que, quando a universidade se mostra presente, flexível e atenta, continua sendo uma escolha de futuro.

A região vê com grande expectativa a concretização do novo Hospital Escola. Quais os próximos passos do projeto e o que já temos concretizado?

O novo Hospital Escola é uma obra de enorme importância para nós e para a região Sul. O contrato já foi assinado e agora entramos na fase das obras. Os recursos estão garantidos pelo governo federal. Serão 274 leitos, com aumento expressivo em UTI e salas cirúrgicas. Isso permitirá ampliar a complexidade e a qualidade dos atendimentos, beneficiando diretamente os municípios da região. Mas os impactos vão além: o hospital é um espaço de formação para estudantes. Por isso, o HE simboliza o compromisso da UFPel com a vida, a formação de excelência e o cuidado das pessoas.

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