Após quatro meses de paralisação, a Usina Candiota 3 voltou a operar neste mês, conforme a Âmbar Energia, empresa que administra o local. Apesar da retomada, a termelétrica está funcionando como “merchant” – sem contrato de venda garantido –, o que mantém a indefinição acerca do futuro da operação.
Em nota, a Âmbar explica que a operação acontece de forma deficitária para contribuir com o sistema elétrico e garantir a manutenção dos empregos em toda a cadeia produtiva ligada à unidade. Sozinha, Candiota 3 responde por cerca de 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do município e gera aproximadamente cinco mil empregos diretos e indiretos na região carbonífera.
Conforme a empresa, foram investidos R$ 150 milhões para manutenção da usina. Com capacidade para gerar 350 megawatts (MW), Candiota 3 corresponde a quase 10% da energia elétrica consumida no Estado.
Fornecimento de carvão
A incerteza quanto ao futuro da unidade aumenta hoje com o término do contrato de fornecimento de carvão mineral firmado entre a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e a Âmbar Energia. Embora uma terceira renovação temporária, por mais 60 dias, esteja sendo articulada, ainda não há uma definição sobre o tema.
Desde o desligamento em 1º de janeiro, a CRM e a Âmbar Energia têm firmado renovações temporárias para manter as cláusulas técnicas de fornecimento, o que possibilitaria uma retomada imediata da operação em maior escala caso haja autorização para reativação da planta.
Tentativa de renovação
A principal esperança da usina estava atrelada à edição de uma Medida Provisória (MP) que pudesse garantir a prorrogação do contrato até 2043. Em fevereiro, após visita do presidente Lula (PT) a Rio Grande, lideranças políticas anunciaram que o governo federal trabalhava para viabilizar a MP após o Carnaval. No entanto, até agora, o texto não foi apresentado.
“Nós não entendemos também qual foi o arrefecimento, o que fez esfriar. […] Ninguém tem a resposta definida do por que não saiu pós-Carnaval”, afirmou o diretor do Sindicato dos Mineiros de Candiota, Hermelindo Ferreira, em entrevista recente ao jornal A Hora do Sul.
Vetos
Com a falta de celeridade na edição da Medida Provisória, as atenções estão voltadas à sessão do Senado de 27 de maio, quando serão analisados os vetos presidenciais da Lei 756/2021, que permitia continuidade das operações das termelétricas a carvão e gás natural até 2050.
Para derrubar os vetos presidenciais, são necessários ao menos 41 votos de senadores. Depois, o texto ainda passa pela análise do Congresso, onde serão necessários os votos de 257 deputados.