A arte drag é a alma do Divas Experience, espetáculo em cinco atos, com muita música pop e dança, do artista Victor Oliveira, que dá vida a performer Myah. A apresentação ocorre neste sábado, a partir das 21h30min no Johnnie Jack.
Esta é a quinta edição do Divas Experience no mesmo espaço, a estreia ocorreu em 23 de junho de 2023, no dia do Orgulho LGBTQIA+. “Cada show é inédito, a gente prepara tudo novo, desde figurinos, remix, músicas e coreografias”, conta Victor Oliveira, que divide o palco com mais 14 bailarinos.
Em quase duas horas e meia de show, Myah e os bailarinos apresentam cerca de 30 números musicais, que remontam sucessos do universo pop. Oliveira antecipa que o show é em alta voltagem, sem dar descanso ao público. “É todo corrido, começa já com as performances, mas tem um intervalinho de uns três minutos entre cada bloco”, diz.
Em cada um dos cinco blocos, a personagem de Oliveira, Myah apresenta diferentes narrativas, que prometem entreter e contagiar, mas que não deixam de ser um convite à reflexão social. No intervalo entre os atos sempre há uma atração, como performances dos bailarinos ou vídeos, que fazem a ligação com o que está por vir.
Oliveira fala que desenvolve o espetáculo com a missão de trazer a experiência dos shows dessas divas internacionais para Pelotas. “Muita gente aqui nunca conseguiu assistir a um show da Madonna, da Britney, a gente tenta trazer essa experiência para o pessoal”, fala.
Cada ato uma musa inspiradora
Cada ato do show é temático e conduzido pelas canções de uma diva pop. O primeiro, com músicas de Kylie Minogue, trata sobre a vida mais superficial e o glamour que aparece nas redes sociais. O segundo momento é mais intimista, em que a personagem Myah se abre para a plateia, é atrelado aos sucessos de Britney Spears.
No terceiro momento do show vem o alerta para a vida real e para o que é relevante, na visão do artista. “Esse momento é como se a personagem tivesse acordando, então a gente ‘linkou’ com as músicas da Madonna, que refletem sobre o sentido do mundo e o que tudo realmente significa”, comenta o artista.
O quarto ato mostra a personagem buscando trilhar o próprio caminho, sem roteiros pré estabelecidos pela sociedade ao som da rapper norte-americana Doja Cat. O quinto momento mostra a personagem conseguindo aceitar todas as suas nuances e seguindo a sua vida de forma autêntica. “Por isso a gente termina o show com a Lady Gaga, uma musa que traz essa mensagem para a gente abraçar quem a gente é, nos respeitar e nos amar”, explica o artista.
Myah surgiu em 2019, a partir dos shows que Victor Oliveira, 26, via em Pelotas e na série RuPaul’s drags race, maior inspiração para a performance. Formado no bacharelado em Designer, acabou se encontrando mesmo na arte drag. “Se eu tentasse seguir outro caminho, acho que não seria tão feliz, por mais que tenha tantos problemas com a valorização. Mas o nível de felicidade que eu conheci com a Myah, nunca se comparou com nenhum outro”, revela.
Portas fechadas
O Johnnie Jack foi a primeira casa noturna pelotense, fora da bolha LGBTQIA+, que aceitou o show da drag Myah. “Em Pelotas não tem muitos locais com boa estrutura. Eu tentei levar esse show para outros locais, mas todos foram muito fechados, falaram que não faziam eventos desse tipo”, relembra a decepção.
Atualmente, Victor Oliveira se dedica exclusivamente à arte drag. Em Porto Alegre ele conseguiu desenvolver uma agenda, além de fazer shows no bar Opinião, é artista residente no WorkRoom, o maior bar de drags do Estado, e integra o casting da boate Vitrô. “Lá eu sinto que as minhas produções são até básicas pro nível de exigência que o pessoal”, fala.
“Ela não é uma segunda personalidade minha, é um personagem que dou vida para desenvolver esse tipo de show. Ela não existe em outros contextos, em que não exista essa representação artística”, comenta.